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Vaccari desviou dinheiro para o PT durante dez anos, segundo investigação

Preso nesta quarta-feira (15), Vaccari prestou depoimento à CPI da Petrobras na semana passada - Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Preso nesta quarta-feira (15), Vaccari prestou depoimento à CPI da Petrobras na semana passada Imagem: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

15/04/2015 10h28Atualizada em 15/04/2015 13h33

Investigação do MPF (Ministério Público Federal) e da PF (Polícia Federal) aponta que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, desviou recursos para o partido durante dez anos. Vaccari foi preso na manhã desta quarta-feira (15) em São Paulo em nova etapa da Operação Lava Jato. A defesa dele vai recorrer da decisão.

"Vaccari já vem sendo investigado há bastante tempo. Já temos uma denúncia de doações oficiais que, na verdade, escondem operações de lavagem de dinheiro relativas a valores da corrupção da Petrobras. Nós verificamos que ele tem uma trajetória desse tipo de operação desde 2004. Diante disso, de uma reiteração de conduta que vem desde 2004 até pelo menos 2014, nós acreditamos necessária a prisão de Vaccari", afirmou o procurador de Justiça Carlos Fernandes Santos Lima, em entrevista coletiva em Curitiba na manhã de hoje. 

"Vaccari é mencionado por pelo menos cinco delatores como sendo intermediador [de propinas] do PT. Os fatos que são atribuídos a ele não estão só baseados nos depoimentos dos cinco delatores, mas também em material aprendido,  fornecido por esses delatores, e material apreendido no corpo da operação. A característica de reiteração criminosa dele é bem clara", acrescentou o delegado da PF Igor Romário de Paula.

Segundo o delegado e o procurador, o pedido de prisão preventiva de Vaccari foi feito à Justiça no dia 14 do mês passado. Vaccari foi preso por volta das 6h de hoje, quando saía de casa para caminhar. Ele foi levado para a carceragem da PF em Curitiba. Ainda não há previsão de quando ele deve prestar depoimento, informou o delegado.

O procurador afirmou que a investigação indicou que "a família dele possui várias operações suspeitas que ainda estão sendo investigadas com valores relativamente significativos". 

As investigações também apontam, segundo ele, para uma ligação entre o PT e a Editora Gráfica Atitude, em São Paulo, que teria recebido parte das propinas no esquema de corrupção da Petrobras. 

Nova etapa da Lava Jato

A nova etapa da Operação Lava Jato também cumpriu mandado de condução coercitiva de Giselda Rose de Lima, mulher do tesoureiro. Segundo o delegado da PF, ela prestou depoimento em sua casa. "A informação que tenho é que não foi proveitoso para a investigação", revelou o delegado.

"Em relação a Giselda, nós temos dúvidas quanto a uma série de depósitos, feitos na conta dela sem a devida identificação, que corresponde a valores de mais de R$ 300 mil em três anos. Depósitos feitos em caixas eletrônicos, com valores abaixo de R$ 10 mil, que impossibilitam a identificação", explicou o procurador.

A Justiça também expediu um mandado de prisão temporária contra Marice Correia de Lima, cunhada de Vaccari, que não foi localizada até o momento. A polícia e o MPF querem a prisão dela por "operar junto com Vaccari operações de doações partidárias ilegais e operações financeiras relativas à Petrobras", explicou o delegado. 

Vaccari na CPI

Na semana passada, Vaccari prestou depoimento à CPI da Petrobras, em uma sessão que ficou marcada por um tumulto após alguém soltar roedores. Na ocasião, o tesoureiro afirmou que conhece o doleiro Alberto Youssef, preso por envolvimento em um esquema de corrupção na estatal, mas negou que tenha relação próxima com ele.

Vaccari também declarou que sua permanência na secretaria finanças depende do partido. "A decisão de estar na secretaria de finanças do PT não pertence a mim, mas ao diretório nacional do partido. Essa decisão será discutida e terá resultado", declarou.