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Rico e bem relacionado, possível suplente de Delcídio é ligado à família Bumlai

O senador Delcídio do Amaral (PT-MS), seu suplente, o empresário Pedro Chaves dos Santos (PSC-MS), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em foto divulgada no Facebook de Chaves - Reprodução/Facebook/PedroChavesdosSantos - 11.set.2014
O senador Delcídio do Amaral (PT-MS), seu suplente, o empresário Pedro Chaves dos Santos (PSC-MS), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em foto divulgada no Facebook de Chaves Imagem: Reprodução/Facebook/PedroChavesdosSantos - 11.set.2014

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

26/11/2015 16h53

Milionário, bem relacionado e influente. Este é o perfil do primeiro suplente de Delcídio Amaral (PT-MS) para o cargo de senador, o empresário Pedro Chaves dos Santos Filho (PSC-MS). Educador e empresário, Pedro Chaves fez fortuna no ramo da educação e entrou na política apenas em 2010, quando se tornou suplente de Delcídio, que foi preso na última quarta-feira (25) pela Polícia Federal sob suspeitas de obstruir as investigações da operação Lava Jato.

Além do bom trânsito no mundo dos negócios, o homem que pode suceder Delcídio no Senado é ligado à família do pecuarista José Carlos Bumlai, apontado como amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O pecuarista foi preso um dia antes de Delcídio, na última terça-feira (24), por suspeitas de envolvimento na operação Lava Jato. 

Com a prisão de Delcídio, Pedro Chaves dos Santos é primeiro na linha sucessória para assumir o mandato do petista. Como a prisão de Delcídio foi a primeira de um senador no exercício do mandato, ainda não há uma definição sobre se ou quando Chaves assumiria o cargo enquanto o titular estiver preso. A princípio, Chaves pode assumir o cargo em caso de morte do titular, renúncia, cassação do mandato ou licença superior a 120 dias. Nos casos de prisão temporária por causa de processo criminal, como no caso de Delcídio, é considerado oficialmente como se o senador estivesse de licença.

A carreira de sucesso de Pedro Chaves no ramo da educação começou em 1971, quando ele assumiu a direção de uma escola particular de Campo Grande. Anos depois, criou o Cesup (Centro de Ensino Superior de Campo Grande), que depois se transformou na Uniderp (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal), uma das maiores instituições de ensino privado do interior do país.

Em 2007, a instituição e outras cinco universidades que pertenciam a Chaves foram vendidas para o grupo Anhanguera por R$ 246 milhões

À época em que disputou a suplência para o Senado, em 2010, Chaves disse ter uma “enorme identificação” com Delcídio. “Tenho uma enorme identificação com o Delcídio pelo trabalho que ele vem realizado desde que chegou ao Senado”, disse Chaves na ocasião. “Nunca pensei em entrar para a política, mas o convite me deixou sensibilizado a participar”, completou Chaves em uma declaração postada no site institucional de Delcídio. Em 2010, Pedro Chaves declarou um patrimônio de R$ 69 milhões (em valores não corrigidos pela inflação).

Família Bumlai

O trânsito no mundo dos negócios se estende pelas relações familiares. Pedro Chaves é ligado à família Bumlai, do pecuarista José Carlos Bumlai, preso na última terça-feira (24) em Brasília. A filha de Pedro, Neca Chaves Bumlai, é casada com Fernando Bumlai, filho de José Carlos.

Apesar da pouca experiência no mundo político, em 2014 Chaves atuou como coordenador geral da campanha de Delcídio ao governo de Mato Grosso do Sul. Caso Delcídio viesse a ser eleito, Chaves seria o primeiro na linha sucessória para assumir o posto em Brasília.

Apontado pelo petista como alguém com bom trânsito em diferentes setores da sociedade, Chaves teve à sua disposição R$ 9,5 milhões doados por empreiteiras investigadas pela operação Lava Jato. De acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a empreiteira que mais doou para a candidatura de Delcídio do Amaral nas eleições de 2014 foi a Odebrecht, com doações avaliadas em R$ 2,9 milhões.

Mas Chaves não cuidou apenas das doações recebidas e das articulações políticas da campanha de Delcídio. Sua mulher, a educadora Reni Domingos, e uma empresa ligada a ele doaram R$ 1 milhão à campanha do petista.

Como pessoa física, Pedro doou R$ 350 mil à campanha de Delcídio, mesma quantia doada por Reni Domingos. Uma outra doação ligada a Pedro Chaves foi feita pela pela Mace Moderna Associação Campo Grandense de Ensino Ltda no valor de R$ 300 mil.

Segundo a declaração de bens apresentada por Chaves à Justiça Eleitoral em 2010, o suplente de Delcídio era dono de R$ 962 mil em cotas do capital do social da empresa.

A reportagem do UOL entrou em contato com o escritório de Pedro Chaves em Campo Grande por telefone e pediu uma entrevista com o suplente, mas até a última atualização desta matéria, o escritório não retornou às solicitações.