Atos contra impeachment reúnem mais de 140 mil em 25 Estados e no DF
Na data que marca os 52 anos do Golpe de 64, manifestantes contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff se mobilizam em várias cidades brasileiras, no que foi chamado de Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Democracia. Pelo menos 146 mil pessoas foram às ruas em 25 Estados brasileiros e no Distrito Federal, segundo números oficiais da Polícia Militar. Segundo os organizadores, os números passam de 800 mil.
Ao longo do dia, foram registradas manifestações em cidades dos Estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Brasília, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rôndonia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins e em algumas cidades no exterior, como Berlim (Alemanha), Lisboa (Portugal), Londres (Inglaterra) e Paris (França).
Em São Paulo, segundo o Datafolha, 40 mil pessoas se reuniram na Praça da Sé, no centro da cidade. No cálculo da PM, 18 mil estiveram no local para protestar contra o impeachment da presidente. Para os organizadores, o número chegou a 60 mil. A convocação para a manifestação foi feita pela Frente Brasil Popular, formada por movimentos sociais e centrais sindicais, e pela Frente Povo Sem Medo, liderada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e que engloba cerca de 30 movimentos sociais.
Logo no começo do protesto, manifestantes abriram um bandeirão do Brasil aos gritos de "Não vai ter golpe, vai ter luta". Entre os participantes, imagens de Lula e Dilma, bandeiras de partidos e movimentos sociais e até da democracia corintiana, movimento capitaneado por jogadores como Sócrates e Casagrande nos anos 80.
O dirigente do MST (Movimento dos Sem-Terra) Gilmar Mauro prometeu que a militância tomará as ruas em caso de "guerra". "Se tivermos guerra, nós não iremos para debaixo da cama, nós vamos é para as ruas", afirmou. "É preciso radicalizar. Só o poder popular pode combater a corrupção. Vamos conscientizar o povo", disse Mauro. Ovacionado pelos manifestantes, Eduardo Suplicy defendeu a presidente e a democracia e encerrou sua participação cantando "Blowin' in The Wind", de Bob Dylan.
Em Brasília, a Jornada Nacional em Defesa da Democracia disse ter reunido 200 mil pessoas. De acordo com a PM, cerca de 40 mil pessoas marchavam para o Congresso, por volta das 18h30. Manifestantes também progetaram frases como "Não vai ter golpe" e "Fora Cunha" nos prédios públicos da capital federal.
O ato se concentrou em torno do Estádio Mané Garrincha e caminhou em direção ao Congresso Nacional com faixas pedindo a saída do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e outras em apoio ao PT e a presidente Dilma Rousseff. A PM fez um cordão de isolamento em frente ao Congresso e as entradas do Palácio do Planalto, do Itamaraty e do Palácio da Justiça foram protegidas com grades de ferro.
Ônibus levando manifestantes de Estados como Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, São Paulo e Santa Catarina se deslocaram até Brasília. "Saímos ontem de Caetité (BA), viajamos dezesseis horas para marcar presença, disse Paulo Sérgio, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caetité. "Viemos para cá com três ônibus e devemos voltar só amanhã". Segundo o sindicalista, os custos com a viagem e a alimentação foram divididos entre o sindicato e os próprios manifestantes.
Em Goiânia (GO), a concentração dos manifestantes aconteceu na Praça Cívica, no Centro. Cerca de 5 mil pessoas participaram do ato, segundo a organização. A PM fala em 300 manifestantes.
Em Belo Horizonte (MG), os manifestantes se reuniram na Praça da Estação. O ato teve shows de artistas mineiros e discursos contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff em palco montado no local. No seu auge, teve público de 40 mil, segundo os organizadores. A PM estimou em 10 mil o número de ativistas.
Em Porto Alegre (RS), os manifestantes se reuniram na Esquina Democrática, com a participação de membros do PT, PC do B, CUT, MST, CTB e UJS. Segundo os organizadores, o número chegou a 80 mil pessoas. A Brigada Militar divulgou uma estimativa de 18 mil.
Militantes da CTB estenderam una faixa com a inscrição "Não ao Golpe" durante ato de apoio à presidente Dilma Rousseff na capital gaúcha.
Cerca de mil pessoas, segundo a PM, se reuniram em frente ao Terminal de Integração do Centro (Ticen), em Florianópolis (SC) no final da tarde. De acordo com os líderes sindicais, que discursaram sobre um carro de som, a mobilização é a favor da democracia e em defesa dos direitos dos trabalhadores e reuniu 3 mil pessoas. "Não vai ter golpe, vai ter luta" e "com Cunha preso o país vai ser melhor" são algumas das frases que esquentam a garganta dos manifestantes neste fim de tarde chuvosa. A mobilização foi encerrada da mesma forma como começou, com a execução do Hino Nacional.
Em Joinville (SC), a manifestação foi na praça da Bandeira. O ato foi organizado pela Frente Brasil Popular e começou por volta das 18h30, com a execução do Hino Nacional. Um texto compartilhado entre os idealizadores das mobilizações de todo o país foi lido por líderes dos movimentos a partir de um carro de som ainda no início da noite. Poucas pessoas tomaram a praça; não há estimativa oficial sobre a quantidade de manifestantes.
O "Ato em Defesa da Democracia", em Curitiba (PR), começou às 18h na praça Santos Andrade, em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR). De acordo com a PM, 1.500 pessoas participam da mobilização. Segundo os organizadores, o número chegou a 5 mil.
Dois carros de som tocaram não apenas os discursos contra impeachment de líderes sindicais, mas abriram espaço, também, para apresentação de artistas locais. O ato foi organizado pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo.
No Rio de Janeiro (RJ), o Largo da Carioca foi tomado pelos manifestantes. A organização do ato fala em 50 mil pessoas presentes. A PM não fez uma estimativa, mas informou que nenhuma ocorrência foi registrada. O protesto na capital fluminense foi convocado pela Frente Brasil Popular, formada por centrais sindicais e movimentos sociais, e pela Frente Povo Sem Medo, formada por cerca de 30 movimentos sociais.
Artistas participaram da manifestação, entre eles Chico Buarque, que discursou no palco, defendendo a integridade da presidente Dilma e dizendo que "não vai ter golpe". "Eu vejo gente aqui no palanque, na praça, gente da minha geração que viveu 31 de março de 1964. Mas vejo, sobretudo, uma imensa juventude que não era então nem nascida, mas conhece a história do Brasil. Então, estou aqui para agradecer a vocês que me animam a acreditar que não, de novo, não. Não vai ter golpe".
Em Fortaleza (CE), manifestantes saíram das praças do Carmo e da Bandeira em caminhada até a Praça Almirante Jaceguai, chegando ao ponto final do trajeto por volta das 18h30. A organização informou que 50 mil pessoas participaram da manifestação. A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social estimou um número de 10 mil pessoas. Segundo a Frente Brasil Popular, a grande manifestação em favor do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff deverá ocorrer no próximo sábado, quando o ex-presidente participará de um ato na capital cearense. O ato vai ocorrer na Praça do Ferreira, partir das 9h.
Em Natal (RN), os manifestantes saíram do cruzamento das avenidas Bernardo Vieira de Melo e Salgado Filho, no Tirol, e caminharam em direção à BR-101 para chegar à praça da Árvore de Mirassol, onde chegaram por volta das 19h30. A Polícia Militar estima que de 20 mil pessoas participaram do ato, enquanto a organização fala em 35 mil.
Em Maceió (AL), o ato contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff chegou à praça dos Martírios, centro da cidade, por volta das 18h. No local, integrantes de grupos de capoeira e batuques se apresentaram para o público. O ato se encerrou por volta das 18h40. A organização estimou a presença de 5 mil pessoas na caminhada. A Polícia Militar e a prefeitura informaram que não vão divulgar estimativas de público.
Em Recife (PE), manifestantes se concentraram na praça do Derby, área central da cidade, para saírem em caminhada pela avenida Conde da Boa Vista até a praça da Independência, na Boa Vista. Participaram diversos integrantes de movimentos sociais, entidades estudantes e sindicais, além de partidos, como PT e PCdoB.
Eles seguraram faixas e cartazes com carros de som e grupos de batuques. Segundo a organização, 40 mil pessoas participaram do ato. Na estimativa da PM, foram 6 mil.
Em Salvador (BA), os manifestantes caminharam da praça da Piedade, centro da capital, até o Campo da Pólvora, no fim da tarde desta quinta-feira. No local, há um monumento em memória aos mortos e às pessoas desaparecidas no período da Ditadura Militar. No meio do percurso, o grupo parou na praça do Campo Grande, onde foi feita uma vigília. A Polícia Militar diz que que 12 mil pessoas participaram da manifestação. Segundo a organização, foram 20 mil.
Em Teresina (PI), a chuva atrapalhou o ato contra o impeachment da presidente. Manifestantes se concentraram na avenida Frei Serafim, região central, e fizeram vigília nas escadarias da igreja de São Benedito. Não houve participação da bancada federal do PT no Piauí, nem do governador Wellington Dias (PT), que participou da manifestação do dia 13. A organização da manifestação disse que houve 1.000 participantes. A Polícia Militar estimou 500 pessoas.
Em João Pessoa (PB), organizadores estimam ter reunido 5 mil pessoas. Segundo a PM, foram 1.000. Campina Grande (PB) teve um ato com 10 mil pessoas, segundo a organização. Para a PM, foram 3.500. Sem estimativas oficiais da PM, organizadores dizem ter reunido 60 mil pessoas em Aracaju (SE) e 600 em São Luís (MA).
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