Ministra do STF nega recurso e delator da Lava Jato vai depor contra Cunha
A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia negou o pedido do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para que fosse suspenso o depoimento no Conselho de Ética de um dos delatores da Operação Lava Jato que promete entregar provas que ligam o deputado do PMDB a contas na Suíça.
Na decisão, Cármen Lúcia afirma que o recurso de Cunha aparenta ter o objetivo de atrapalhar as investigações do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, onde Cunha é alvo de processo que pode terminar com a cassação do mandato do parlamentar.
Cunha é investigado no Conselho por ter supostamente omitido a existência de contas no exterior durante depoimento à CPI da Petrobras na Câmara em 2015. Investigações da Operação Lava Jato, contudo, apontam que o peemedebista possui contas na Suíça que foram supostamente abastecidas por recursos desviados da petrolífera. O deputado nega a acusação (leia mais abaixo).
Nesta quinta-feira (7), o Conselho de Ética ouve o delator Leonardo Meirelles, parceiro de negócios do doleiro Alberto Youssef.
Meirelles fechou um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República e entregou o que classifica de novas provas sobre a transferência de US$ 5 milhões para as supostas contas secretas de Cunha.
Meirelles faz parte do rol de testemunhas sugeridas pelo PSOL e Rede, partidos que apresentaram a representação contra o peemedebista no colegiado em outubro do ano passado, e que devem ser ouvidas na fase de instrução probatória (coleta de provas e depoimentos) do processo de Cunha. Essa fase começou em 22 de março e pode durar até 40 dias.
O doleiro diz ter provas de que o lobista Júlio Camargo transferiu pelo menos US$ 5 milhões em propina para uma conta secreta de Cunha na Suíça. O dinheiro seria pagamento pelo peemedebista ter ajudado empresas coreanas e japonesas a fecharem contratos de navios sonda com a Petrobras em 2006 e 2007.
Depois da fase da instrução, o relator terá até 10 sessões para apresentar seu parecer sugerindo uma punição a Cunha, que poderá ser o pedido de cassação. Se aprovado pelo Conselho de Ética, o relatório seguirá para o plenário da Câmara, onde deverá ser votado. Caso seja rejeitado, o processo será arquivado.
Defesa
A defesa de Cunha tem negado irregularidades.
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