Em vídeo, Dilma diz que oposição quer "revogar direitos como Bolsa Família"
Em vídeo gravado para ir ao ar na noite desta nesta sexta-feira (15), a presidente Dilma Rousseff (PT) diz que "os golpistas querem revogar direitos como Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida". A divulgação em rede nacional de rádio e TV foi vetada pela Justiça, mas o pronunciamento foi ao ar na internet. Foi divulgado primeiro no site do jornal "O Globo". Pouco tempo depois, a gravação foi postada no Facebook oficial de Dilma.
No vídeo, de pouco mais de seis minutos, a presidente chama o processo de impeachment de "aventura golpista" e afirma que os programas sociais implantados por seu governo e o de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) estarão sob risco no caso de "os golpistas" que desejam tira-la do poder terem sucesso em seu objetivo.
"Os golpistas já disseram que, se conseguirem usurpar o poder, querem revogar direitos e cortar programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida. Ameaçam, até, a educação".
Dilma afirma também que está defendendo não apenas o seu governo, mas a democracia brasileira. "No próximo domingo, teremos a oportunidade de reafirmar nosso compromisso com a democracia, a liberdade e o estado de direito. O que está em jogo não é apenas o meu mandato. É o respeito à vontade soberana do povo brasileiro, o respeito às urnas. (...) Por isso, é minha obrigação esclarecer os fatos e denunciar os riscos desta aventura golpista para o país".
Em outro trecho, a petista afirma que seu mandato estaria sob ataque desde a sua reeleição, em 2014. "Desde que fui (re)eleita, parte da oposição, inconformada, pediu a recontagem dos votos, tentou anular as eleições e passou a conspirar pelo impeachment. Mergulharam o país em um estado permanente de instabilidade política, impedindo a recuperação da economia".
Dilma Rousseff voltou a se declarar inocente das acusações que lhe são imputadas, e disse que não há base legal para o processo de impeachment. "Não há contra mim qualquer denúncia de corrupção ou desvio de dinheiro. Jamais impedi investigação contra quem quer fosse. A denúncia contra mim, em análise no Congresso Nacional não passa de uma fraude, a maior fraude jurídica da história do país."
Por fim, a presidente pediu à população "continue se mobilizando" até o próximo domingo (17), dia da votação do processo de impeachment na Câmara: "Brasileiras e brasileiros, dirijo-me a vocês para pedir que continuem defendendo a legalidade democrática. Continuem se mobilizando nas escolas, nas ruas, no trabalho e nas redes sociais. (...) Nenhum governo será legítimo se não nascer do voto popular."
Pronunciamento vetado
Inicialmente, a presidente iria fazer um pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão. Posteriormente, o jornal "Folha de S.Paulo" publicou reportagem afirmando que Dilma decidira seguir orientação do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, que, após assistir ao vídeo que já teria sido gravado, avaliou que a fala poderia ter problemas jurídicos, já que o conteúdo do discurso seria eminentemente político e ocuparia um espaço dedicado exclusivamente a discursos institucionais.
Além disso, auxiliares da presidente temiam que o pronunciamento provocasse um grande protesto contra Dilma, ao estilo dos panelaços e buzinaços registrados nas últimas vezes em que ela ou petistas foram à TV, às vésperas da votação da abertura do processo de impeachment no plenário da Câmara, marcada para domingo (17).
Finalmente, no início da noite, uma decisão liminar (provisória) da Justiça Federal de Brasília proibiu a presidente de convocar pronunciamento, em cadeia nacional de rádio e televisão, para tratar do processo de impeachment.
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