Na busca por votos pelo impeachment, políticos usam guerra de placares
A um dia da votação do processo de impeachment na Câmara, os placares projetados por veículos de comunicação, especialistas e outras fontes indicam que, seja o resultado contrário ou favorável a Dilma Rousseff, o desfecho será apertado. Divulgado neste sábado (16) pelo blog do jornalista Fernando Rodrigues, estudo da consultoria Bites mostra que a oposição teria hoje 342 votos, isto é, justamente o limite necessário para vencer a disputa com o governo.
Nos últimos dias, o grupo contrário ao impedimento da presidente vem avançando e conquistando votos. Até ontem (15), havia 126 deputados pró-Dilma. Hoje, o número foi a 134, de acordo com as estatísticas da Bites. Para barrar o impeachment, a base do governo precisa garantir, pelo menos, 172 deputados a seu favor. O levantamento considera apenas os parlamentares que se manifestaram de forma explícita via redes sociais e em entrevistas públicas. Pelo menos 35 ainda estariam na ala dos indecisos.
Na avaliação de especialistas ouvidos pelo UOL, a guerra dos números e placares faz parte do jogo político de Brasília, mas não deve alterar o resultado final. "O que pode efetivamente virar o jogo é a distribuição de cargos por parte do governo, com emendas e outras coisas mais. Os números, por si só, são divulgados de acordo com a conveniência de cada um", afirmou o cientista político Ricardo Ismael, professor na PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro).
"Esses movimentos de informação e contrainformação fazem parte de um jogo maior, que já conhecemos bem. É claro que todo deputado quer apostar no cavalo que vai ganhar, e esses grupos que estão mais mobilizados e buscando votos sabem disso. Quando o Paulinho da Força [deputado do Solidariedade, oposição ao governo] faz um bolão, por exemplo, e divulga isso, é claro que existe uma perspectiva de convencimento", opinou o cientista político e diretor do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio), Geraldo Tadeu Monteiro.
Para o especialista, o julgamento do processo de impeachment "envolve pressões muito maiores". "Em ano eleitoral, ninguém quer se arriscar no sentido de contrariar o seu eleitorado, brigar com a opinião pública. Por outro lado, muita gente vai deixar para decidir na última hora, pois isso é uma forma de se manter em evidência e receber propostas de um lado e de outro. Os placares divulgados antecipadamente não traduzem isso."
Ismael também afirma acreditar que a opinião pública é um fator fundamental para tomada de decisão por parte dos parlamentares. "Se, por acaso, um deputado protagonizar algo muito diferente daquilo que o seu eleitorado defende, ele nunca mais se elege na vida. O eleitorado está prestando atenção a tudo, não só nos placares, mas em tudo que está acontecendo. Há uma responsabilidade individual muito grande", comentou.
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