Para internautas, Dilma diz que corte no Bolsa Família seria retrocesso
A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) afirmou nesta quarta-feira (18) em sua página no Facebook que eventuais cortes no Bolsa Família representariam um retrocesso. "Quando o Bolsa Família começou, em 2003, 10% da população estava em situação de insegurança alimentar, ou seja, não sabia se teria as três refeições do dia. Hoje, é menos de 1%. Por isso, o Brasil saiu do Mapa da Fome das Nações Unidas. É claro que se houver corte no programa há o risco de voltarmos ao passado. É com orgulho que podemos dizer que nasceu no Brasil a primeira geração de crianças livre da fome e na escola."
Dilma fazia referência à possibilidade de o presidente interino Michel Temer (PMDB) fazer mudanças no programa. O assunto parece controverso no governo do peemedebista. Temer vem dizendo que manterá o Bolsa Família. No entanto, no documento “A Travessia Social”, o PMDB defende a “focalização” do programa na faixa dos 5% mais pobres do país, o que representaria uma redução de sua abrangência.
O novo ministro de Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra, afirmou ser necessário "oportunizar a saída" para beneficiários do programa Bolsa Família. "As pessoas têm que ter renda e não pode ser objetivo de vida viver só do Bolsa Família e o que está acontecendo é isso", disse durante sua posse. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, declarou que os programas sociais serão mantidos, mas passarão por forte avaliação.
Dilma rebateu a crítica e lembrou que o programa tem faixas de valor - o benefício varia de acordo com algumas regras. “O Bolsa Família depende da renda e do número de pessoas dessa família. É muito comum achar que os beneficiários não têm renda. Mas a verdade é que a população pobre que recebe o benefício trabalha muito, mas não têm uma renda suficiente para sustentar sua família com dignidade. Em média, o benefício do Bolsa Família é de R$ 161 por família”, afirmou no Facebook.
“Mais de 70% dos adultos do Bolsa Família trabalham, o mesmo percentual dos adultos que não recebem o programa. Assim, é um preconceito muito difundido por aqueles que querem acabar com o Bolsa Família achar que quem recebe o benefício não trabalha ou que os pobres são pobres porque não querem trabalhar. O Bolsa Família para muitos é um complemento da sua pequena renda. Para outros, é a única renda que têm e a diferença entre ter alimento ou não. Mas o Bolsa Família é mais que renda é uma oportunidade. Ele dá acesso a quem quer formalizar seu próprio negócio e a se qualificar”, disse em outro momento.
Dilma alegou que o programa reduz a mortalidade infantil e que uma eventual redução de sua amplitude tiraria a proteção de 16 milhões de crianças. “Temos pesquisas que provam que o Bolsa Família é responsável pela redução da mortalidade infantil causada pela desnutrição e também pela queda de 51% do déficit de altura das crianças. Ou seja, as crianças estão se desenvolvendo melhor, de acordo com a sua idade.”
Ela também explicou que o programa exige contrapartidas dos usuários e argumentou que ele tem um impacto positivo na economia. “O Bolsa Família, além de ser um programa que assegura uma renda mínima, exige em contrapartida a permanência das crianças na escola. Hoje nós temos 17 milhões de crianças e jovens frequentando regularmente a escola graças ao Bolsa Família.”
“Apesar de você”
As afirmações de Dilma foram feitas em um evento programado para sua página do Facebook. Ela estava acompanhada de Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Antes, a presidente afastada convocou os internautas a fazerem perguntas para conversar sobre o tema.
O formato se mostrou confuso. Usuários aproveitaram a ocasião para postar comentários críticos à presidente afastada. Ela, no entanto, evitou respondê-los.
Outros elogiaram a petista e pediram sua volta. Ao final, uma usuária pediu que Dilma postasse uma música. Ela escolheu “Apesar de você”, famoso clássico de resistência à ditadura (1964-1985) composto por Chico Buarque. A letra também pode servir de metáfora para a atual situação de Dilma, afastada devido à abertura do processo de impeachment no Senado. “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia”, diz a composição. “Quando chegar o momento, esse meu sofrimento, vou cobrar com juros, juro (...) Você vai pagar e é dobrado cada lágrima rolada, nesse meu penar”, prossegue a letra.
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