Senador diz que PT quer suspender comissão do impeachment e barrar votação
O senador do PT Lindbergh Farias (RJ) afirmou que o partido vai defender a suspensão do trabalho da comissão do impeachment no Senado e que seja feita obstrução à sessão do Congresso Nacional que deve votar nesta terça-feira (24) a mudança na meta fiscal (economia do governo para pagar a dívida pública), após vir a público o diálogo no qual o ministro do Planejamento Romero Jucá aparentemente defende a realização de um pacto para barrar o avanço da Operação Lava Jato.
Na conversa gravada entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o ministro sugere que uma mudança no governo, possivelmente em referência ao afastamento da presidente Dilma Rousseff pelo processo de impeachment, poderia “estancar essa sangria”.
Para Lindbergh, a fala de Jucá reforça o argumento do PT de que o impeachment não tem base legal e seria equivalente a um golpe de Estado parlamentar.
“Mostra que o que estava por trás era um desvio de finalidade. De usar o processo de impeachment para obstruir uma investigação”, disse o senador. “Esse não é um fato qualquer”, afirmou.
“Essa mudança da meta [fiscal] veio do Romero. O discurso todo em cima da Dilma é que ela não teve responsabilidade fiscal. O que eles fizeram foi ampliar os gastos [na proposta da meta]. Não tem clima de realizar sessão do Congresso”, disse.
O senador afirmou que o PT deve tentar obstruir a sessão do Congresso para impedir a votação.
Segundo Lindbergh, o partido estuda quais medidas judiciais e na comissão do Senado podem ser adotadas para contestar a legitimidade do processo de impeachment a partir da revelação do diálogo de Jucá.
“Isso aqui, na nossa denúncia do golpe, isso ganha muita força na sociedade e internacionalmente”, disse. “Romero não é um cara qualquer, era o presidente do PMDB”, afirmou Lindbergh.
Mesmo senadores pró-impeachment querem Jucá fora
Senadores de partidos que apoiaram o impeachment defenderam nesta segunda-feira (23) o afastamento de Jucá do cargo de ministro do Planejamento.
Além do líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), também se manifestaram de forma favorável a que Jucá deixe o cargo o líder do PV, Alvaro Dias (PR), e a senadora Ana Amélia (PP-RS).
Alvaro Dias afirmou que a eventual manutenção de Jucá no Ministério do Planejamento provocaria um “desgaste irreversível” ao governo do presidente interino Michel Temer.
“Ou o presidente afasta [Jucá] ou corre o risco de sair com ele depois”, afirmou Dias, em entrevista a jornalistas.
A senadora Ana Amélia fez um discurso na tribuna do Senado para defender o afastamento de Jucá do cargo no governo Temer. “Não há como o senador tergiversar ou ter tolerância com isso”, disse. “É muito delicada a situação”, afirmou a senadora.
O líder do DEM defendeu o afastamento do ministro do cargo para não comprometer a “credibilidade” do governo interino.
"Qualquer denunciado tem o direito e obrigação de se defender das acusações, mas esses atos individuais devem ser tratados longe da administração pública para que a reestruturação e a credibilidade do governo não sejam comprometidas", disse Caiado.
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