Paulo Bernardo é citado por ao menos cinco delatores da Lava Jato
O ex-ministro do Planejamento e das Comunicações Paulo Bernardo, preso nesta quinta-feira (23) durante a deflagração da Operação Custo Brasil, é citado por pelo menos cinco delatores da Operação Lava Jato, que deu origem à operação atual.
Paulo Bernardo foi ministro do Planejamento (2005-2011), no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e ministro das Comunicações (2011-2015), na gestão da presidente Dilma Rousseff.
Entre os delatores que já fizeram citações em seus depoimentos estão o doleiro Alberto Youssef, o ex-senador Delcídio Amaral, o ex-vereador de Americana (SP) Alexandre Romano, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o advogado Antônio Carlos Pieruccin.
Paulo Bernardo foi preso em Brasília após a deflagração da Operação Custo Brasil, que investiga um esquema de direcionamento de licitação e pagamento de propinas.
Segundo as investigações, houve o direcionamento de licitações feitas pelo Ministério do Planejamento que beneficiaram a empresa Consist Software, que gerenciava informações sobre crédito de consignado de funcionários públicos federais.
Pelo menos R$ 7 milhões teriam sido repassados a um escritório de advocacia ligado a Paulo Bernardo, segundo as investigações.
A investigação da Operação Custo Brasil teve como ponto de partida a delação premiada do ex-vereador Romano, preso durante a 18ª fase da Operação Lava Jato, a Pixuleco 2. Segundo os investigadores, foi ele quem detalhou o esquema do qual Paulo Bernardo se beneficiava.
Além dele, outros quatro delatores já citaram Paulo Bernardo desde o início da Operação Lava Jato.
Delatores citam Paulo Bernardo
O primeiro foi o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Em setembro de 2014, em um de seus depoimentos, Costa disse que, no início de 2010, o doleiro Alberto Youssef o procurou afirmando ter recebido um pedido de Paulo Bernardo no valor de R$ 1 milhão para a campanha de sua mulher, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ao Senado.
Paulo Roberto Costa disse que autorizou Alberto Youssef a fazer o repasse à campanha de Gleisi, pois, “caso contrário haveria reclamação”.
O doleiro Alberto Youssef, por sua vez, disse que o pedido de Paulo Bernardo não teria sido feito a ele, mas a Paulo Roberto Costa. “Paulo Roberto Costa disse que Paulo Bernardo o procurou e pediu ajuda para a campanha de Gleisi para o Senado em 2010”, disse Youssef em um de seus depoimentos.
Ex-colega de partido de Paulo Bernardo, o ex-senador Delcídio Amaral também citou o marido de Gleisi em seus depoimentos.
De acordo com sua delação, a Consist Software “sempre atuou como braço financeiro dos mesmos [Paulo Bernardo e Gleisi], e como mantenedora das despesas do mandato da senadora Gleisi nos últimos anos”. Ainda de acordo com a delação de Delcídio, haveria “provas incontestáveis” sobre o assunto.
Outro delator a citar Paulo Bernardo foi Antonio Carlos Brasil Fioravante Pieruccin. Em sua delação, ele confirmou repasses de dinheiro para a campanha de Gleisi a pedido de Alberto Youssef e que os valores repassados haviam sido combinados com Paulo Bernardo.
A delação de Pieruccin foi uma das que deu origem à denúncia feita pela PGR (Procuradoria Geral da República) contra Paulo Bernardo e Gleisi ao STF (Supremo Tribunal Federal) em maio deste ano. O STF ainda não se pronunciou sobre a denúncia.
À época em que denúncia foi feita, a defesa de Gleisi Hoffmann se manifestou rebatendo as alegações feitas pela PGR de que ela teria recebido dinheiro de origem ilegal a pedido de seu marido.
Em nota, os advogados que defendem a senadora e o ex-ministro, Rodrigo Mudrovitsch e Verônica Abdala Sterman, contestam as suspeitas.
“Todas as provas que constam no inquérito comprovam que não houve solicitação, entrega ou recebimento de nenhum valor por parte da senadora. A denúncia sequer aponta qualquer ato concreto cometido. Baseia-se apenas em especulações que não são compatíveis com o que se espera de uma acusação penal”, diz um trecho da nota.
Em relação às citações feitas por delatores, a defesa afirma que eles são contraditórios. “São inúmeras as contradições nos depoimentos dos delatores que embasam a denúncia, as quais tiram toda a credibilidade das supostas delações. Um deles apresentou, nada mais, nada menos, do que seis versões diferentes para esses fatos, o que comprova ainda mais que eles não existiram”, diz a defesa.
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