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Onyx chama Renan de 'bandido' e diz que vai processá-lo após acusação de caixa 2

Onyx Lorenzoni (DEM-RS) durante o debate do pacote anticorrupção - Dida Sampaio - 23.nov.2016/Estadão Conteúdo - Dida Sampaio - 23.nov.2016/Estadão Conteúdo
Onyx Lorenzoni (DEM-RS) durante o debate do pacote anticorrupção
Imagem: Dida Sampaio - 23.nov.2016/Estadão Conteúdo

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

01/12/2016 16h58

O relator das medidas anticorrupção na Câmara, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), disse nesta quinta (1) que vai processar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), após este tê-lo acusado de ter recebido caixa 2 da indústria de armas.

"Com todo respeito e em favor dele, eu queria dizer que o teste de integridade vai fazer falta, porque pesava sobre ele uma acusação de ter recebido caixa dois de indústria de armas, e seria uma oportunidade para que ele, nesse teste, pudesse demonstrar o contrário, com o meu apoio", disse Renan ao fim de sessão no Senado na qual se debateu uma nova lei de abuso de autoridade.

O teste de integridade foi uma das medidas retiradas pela comissão especial da Câmara que debateu o pacote anticorrupção. O teste foi proposto pelo Ministério Público Federal (MPF) no projeto original enviado ao Congresso Nacional e consistiria na simulação de situações sem o conhecimento da pessoa, para averiguar sua predisposição para cometer de atos ilícitos contra a administração pública.

Logo antes, Renan afirmou que não houve no Senado, durante o debate sobre o abuso de autoridade, "agressão ao Relator da matéria na Câmara dos Deputados, ao Onyx Lorenzetti". Alertado de que o sobrenome correto do deputado era Lorenzoni, o senador disse: "Parece nome de chuveiro, mas não é nome de chuveiro."

'Ele vai ter que provar'

Ao UOL, o deputado demonstrou indignação com a fala do presidente do Senado e disse que, até o fim desta quinta, vai levar o caso ao STF (Supremo Tribunal Federal) --como senador, Renan tem direito a foro privilegiado.

"Com bandido a gente lida ou na polícia, ou na Justiça", afirmou. "Ele vai ter que provar."

Lorenzoni afirmou ainda que a sua biografia e a de Renan são autoexplicativas. O deputado disse que, nas últimas quatro eleições que disputou, o fez com os sigilos bancário e fiscal de todo o ano eleitoral abertos.

"Enquanto ele está desesperado, eu estou tranquilo", disse. 

Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Onyx recebeu, nas eleições de 2014, doações de duas empresas de armas e munições, a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) e a Forjas Taurus S.A. Cada uma doou R$ 50 mil para a campanha do deputado, que foi eleito com 148.302 votos.

STF julga denúncia contra Renan

Pouco depois de Renan ter feito a acusação a Lorenzoni, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, relator da denúncia contra o presidente do Senado, votou a favor de que o tribunal acate parcialmente as acusações da Procuradoria-Geral da República contra o senador.

Fachin votou a favor de que Renan se torne réu apenas pelo crime de peculato (desvio de dinheiro público), por suspeitas de ter apresentado notas fiscais falsas para comprovar despesas com locação de veículos pagos pelo Senado.

O STF julga nesta quinta (1º) se aceita denúncia criminal contra Renan e transforma o senador em réu pelos crimes de peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso. A corte ainda não concluiu o julgamento. Depois de Fachin, devem votar os outros 10 ministros do tribunal.