EUA identificam três empresas usadas pela Odebrecht para pagar propinas
O DOJ (Departamento de Justiça) dos Estados Unidos identificou três empresas criadas em paraísos fiscais pela Odebrecht para pagar propinas a agentes públicos em diversos países.
As informações constam no documento "Informação Odebrecht", divulgado pelo governo americano, que assinou nesta quarta-feira (21) acordo de leniência com o grupo baiano, como revelou o jornal "Folha de S. Paulo.
As offshores Smith & Nash Engineering Company e Golac Projects and Construction Corporation (ambas baseadas nas Ilhas Virgens Britânicas) e Arcadex Corporation (baseada em Belize) eram braços operacionais do "Departamento de Operações Estruturadas" da construtora brasileira.
Descoberto em março pela Operação Lava Jato, o departamento era o setor responsável pelo pagamento de propinas da Odebrecht.
De acordo com o documento do governo americano, as empresas foram usadas pela Odebrecht "para levar adiante o esquema de propinas, esconder e disfarçar pagamentos impróprios feito em benefício de servidores públicos estrangeiros e partidos políticos estrangeiros em vários países". Os recursos dessas empresas foram usados para realizar "direta ou indiretamente" pagamentos indevidos a funcionários públicos.
US$ 1 bilhão em propinas
O DOJ dos Estados Unidos revelou que o grupo Odebrecht pagou US$ 599 milhões em propinas para servidores públicos e políticos brasileiros (ou R$ 1,9 bilhão ao câmbio atual) e mais US$ 439 milhões (R$ 1,4 bilhão) em outros 11 países. Esse total inclui o montante pago pela Braskem, controlada pelo grupo empresarial baiano, informou a Folha.
Ainda segundo o DOJ, os valores relativos à empreiteira são ligados a "mais de 100 projetos em 12 países, incluindo Angola, Argentina, Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela".
Em troca dessas propinas, afirmam as autoridades americanas, a Odebrecht obteve pelo menos R$ 12 bilhões, ao câmbio de hoje, em benefícios com contratos nesses países. O esquema de repasses, de acordo com as autoridades americanas, funcionou entre 2001 e 2016.
O documento é assinado por dois investigadores do governo norte-americano, Robert L. Capers, procurador de Justiça, e Andrew Weissmann, chefe da Seção de Fraude da Divisão Criminal do Departamento de Justiça.
Acordo assinado
A força-tarefa da Operação Lava Jato confirmou, nesta quarta-feira (21), que foi feito acordo de leniência com a Odebrecht e a Braskem. Firmados em 1º e 14 de dezembro, respectivamente, os acertos para colaboração garantem a devolução de cerca de R$ 7 bilhões aos cofres públicos e vítimas da corrupção na Petrobras e em outras esferas do Poder, segundo o MPF (Ministério Público Federal). O acordo foi feito em conjunto com autoridades brasileiras, suíças e americanas, e por isso o dinheiro irá para os três países.
Outro Lado
O UOL telefonou ao menos três vezes na noite de quarta-feira para a assessoria de imprensa da Odebrecht para que o grupo comentasse as informações contidas no relatório das autoridades americanas. Ninguém atendeu as ligações.
Em nota pública divulgada à imprensa nas últimas semanas, a Odebrecht tem reafirmado "seu compromisso de colaborar com a Justiça". "A empresa está implantando as melhores práticas de compliance, baseadas na ética, transparência e integridade", declarou.
No início do mês, a Odebrecht também divulgou um pedido de desculpas público e admitiu práticas impróprias.
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