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Com protesto, greve e impasse regimental, Alerj adia primeira sessão do ano

A manifestação se concentrou em frente ao prédio da Alerj e depois saiu em caminhada em direção à Igreja da Candelária - Marcos Arcoverde/Estadão Conteúdo
A manifestação se concentrou em frente ao prédio da Alerj e depois saiu em caminhada em direção à Igreja da Candelária Imagem: Marcos Arcoverde/Estadão Conteúdo

Carolina Farias

Colaboração para o UOL, no Rio

07/02/2017 18h17

Mesmo com a eleição realizada na última quarta-feira (1º), os deputados não formaram as comissões permanentes, e a sessão que discutiria o projeto de lei de reajuste dos pisos salariais privados foi adiada para quinta-feira (9).

A falta das comissões permanentes também já havia adiado para quinta a discussão do projeto de lei que prevê a venda da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto), em contrapartida à ajuda federal para o governo efetuar o pagamento de salários dos servidores estaduais.

Os deputados definirão a formação das comissões em uma discussão que começou às 17h desta terça. As comissões são necessárias para analisar, entre outros assuntos, a constitucionalidade do projeto e o orçamento.

Além do impasse regimental, os deputados enfrentaram um novo protesto dos servidores na porta da Alerj, com centenas de participantes, a maioria de servidores da Cedae, para pressionar os parlamentares a não colocar em discussão a privatização da companhia e os demais itens do pacote de medidas anunciadas pelo governo do estado para combater a crise financeira.

"Se eles colocarem para votar na quinta será o suicídio político deles. Vender uma empresa que dá lucro não faz sentido. Na quinta-feira, será um movimento grande, com todas as categorias de servidores. Hoje a pressão popular e o regimento fizeram com que cancelasse a sessão, tenho certeza", disse Ary Girota, do Muspe (Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais). 

Mesmo com centenas de manifestantes e policiais, o protesto ocorreu quase sem incidentes e terminou em uma caminhada até avenida Presidente Vargas, por volta das 15h40.

No fim do protesto, um grupo de jovens tentou interditar a pista livre da Presidente Vargas e foi impedido pela PM, que jogou gás pimenta nos manifestantes. Os jovens estouraram uma bomba caseira (conhecida como cabeção de nego), mas a confusão se dispersou em minutos.

Na semana passada, na abertura dos trabalhos da Alerj, quando Jorge Picciani (PMDB) foi reeleito à presidência, o protesto que começou na frente da Casa terminou de forma violenta, com um ônibus incendiado na avenida Rio Branco e três feridos.

Até um caveirão do Bope foi acionado para dispersar os manifestantes. Barricadas de fogo, com latões e contêineres de lixo em chamas, foram colocadas nas ruas da Carioca e Nilo Peçanha, além de portas de lojas serem chutadas por vândalos no meio da confusão. 

Pressão

Para pressionar o governo, servidores da Cedae decretaram greve por 72 horas a partir desta terça. Somente 30% dos funcionários estão trabalhando em ocorrências de falta d'água e grandes vazamentos, segundo o SintSama (Sindicato dos trabalhadores das empresas de saneamento básico do Rio de Janeiro).

A venda da companhia de saneamento é uma das manobras do governo para tentar contornar a crise. Ela faz parte do acordo com a União, que prevê a suspensão do pagamento de dívidas do Estado com bancos federais durante três anos e o empréstimo de R$ 3,5 bilhões para o Rio de Janeiro.

Além da privatização da Cedae, os servidores também protestam contra vários pontos da proposta encaminhada pelo governador Luiz Fernando Pezão de aumento da contribuição previdenciária dos atuais 11% para 22%.