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Responsável por redes do PMDB admite "frase infeliz" em peça no Facebook

6.mar.2017 - À esq., publicação feita pelo PMDB na quinta-feira (2); à dir., texto publicado no dia seguinte  (4) - Reprodução/Facebook/PMDB Nacional
6.mar.2017 - À esq., publicação feita pelo PMDB na quinta-feira (2); à dir., texto publicado no dia seguinte (4) Imagem: Reprodução/Facebook/PMDB Nacional

Daniela Garcia

Do UOL, em São Paulo

07/03/2017 04h00Atualizada em 25/06/2020 21h10

Um post publicado na conta de Facebook do PMDB na última quinta-feira (02) provocou polêmica ao afirmar que se a reforma da Previdência não for aprovada, programas sociais importantes como Bolsa Família e Fies vão acabar. Diversos internautas criticaram a postagem e alegaram que o governo Temer estaria fazendo chantagem social. O partido manteve a peça no ar, mas divulgou novo post, no sábado (04), amenizando a "ameaça".

"Foi um jeito ruim de dizer. Lamentavelmente, o redator não foi feliz de escrever essa frase", admite Lula Guimarães, responsável pelas criações publicitárias nas redes do partido. Na avaliação dele, o post de quinta-feira usou uma "frase infeliz".

"Se a reforma da Previdência não sair: tchau, Bolsa Família; adeus, Fies; sem novas estradas; acabam os programas sociais", diz trecho da peça publicitária.

Lula Guimarães assumiu as redes sociais do PMDB em abril de 2016, antes mesmo de Michel Temer tomar posse como presidente da República. Ele nega que a publicação do "tchau, Bolsa Família" tenha tom "chantagista". "Foi uma peça mais irônica e isso acabou dando muita polêmica".

A publicação do dia 2 de março recebeu 14 mil interações no Facebook, quase 10 mil compartilhamentos e cerca de 15 mil comentários, sendo o post de maior repercussão do PMDB em 2017.

Um dos comentários, crítico ao conteúdo publicado pelo perfil do PMDB, recebeu mais de 12 mil curtidas. O perfil Amado Batista escreveu: "Comecem cortando na própria carne: diminuam privilégios do Executivo, Legislativo e Judiciário, diminuam ministérios, diminuam custos com eventos e viagens inúteis, controlem os gastos com cartões corporativos e outras regalias, parem de desviar o dinheiro arrecadado para a previdência, cobrem daqueles que estão devendo INSS (muitas empresas de porte estão devendo muito), demitam todos os assessores aspones e funcionários públicos incompetentes, e contratem uma assessoria de imprensa maus barata e mais inteligente, porque esses posts estão bem fracos..."

Outro comentário, com 5.700 curtidas, chamou o partido de covarde. "Vocês estão ameaçando o povo brasileiro de cortar os pouquíssimos direitos sociais que temos, se não aprovarem essa reforma desnecessária, falaciosa e usurpadora?", questionou o perfil de Lucas Gabrielli.

A repercussão negativa levou a equipe de comunicação a publicar uma peça publicitária com tom diferente da primeira. Segundo Guimarães, o conteúdo da nova peça é "mais explicativo". No post de sábado, o PMDB passou a afirmar que o governo Temer ampliou o Bolsa Família e o FIES, e que a reforma garantirá o "futuro do Brasil".

O texto publicado na noite do dia 4 alcançou repercussão muito menor do que o anterior: até o momento, foram cerca 840 likes, 60 compartilhamentos e 735 comentários.

O marqueteiro político defende que a página no Facebook do PMDB explore as mensagens de forma "mais agressiva e combativa". "É uma comunicação partidária. Se fosse [um canal] do governo, não poderia ser assim", analisa.

Romero Jucá

Guimarães diz ter se encontrado com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), presidente nacional do partido, e a repercussão do post foi um dos temas da conversa. Nesta segunda-feira (6), o marqueteiro político justificou ao cacique que a mensagem "foi um ponto fora da curva".

O comunicador, no entanto, diz que continuará veiculando as mensagens que mostram o prejuízo às contas públicas sem a reforma defendida pelo governo Temer. "O que publicamos não tem nenhuma inverdade, não foi leviano. Só dissemos isso: que a conta não fecha".

Polêmica da reforma

O governo apresentou seu projeto de reforma da Previdência em dezembro do ano passado. Pela proposta de emenda constitucional, a idade mínima para se aposentar será de 65 anos, com pelo menos 25 anos de contribuição à Previdência.

O projeto ainda vai ser analisado pela Câmara e pelo Senado.