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Jucá pediu doação de R$ 150 mil para o filho após ajudar Odebrecht, diz delator

O senador Romero Jucá (PMDB-RR) aparece em cinco pedidos de inquérito da PGR - Pedro Ladeira/Folhapress
O senador Romero Jucá (PMDB-RR) aparece em cinco pedidos de inquérito da PGR Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

12/04/2017 21h56

Uma doação de R$ 150 mil realizada oficialmente pela Odebrecht ao diretório do PMDB no Estado de Roraima, em 2014, foi, na verdade, um pagamento disfarçado ao senador Romero Jucá (PMDB-RR), por serviços prestados ao grupo empresarial no Senado.

A afirmativa é de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais do conglomerado em Brasília, e consta em delação divulgada nesta quarta-feira (12) pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Presente em cinco pedidos de inquéritos autorizados nesta terça (11) pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo, o senador, que hoje é presidente nacional do PMDB, será investigado em um deles ao lado do filho, o ex-deputado estadual Rodrigo Jucá (PMDB).

Isso porque, segundo a delação de Melo Filho, a doação foi feita a pedido do senador para a campanha de Rodrigo, que em 2014 foi candidato a vice-governador de Roraima. A chapa foi derrotada no segundo turno.

"No ano de 2014, o senador não era candidato a nenhum cargo eletivo, mas, em determinado momento, ele me disse que o filho dele era candidato", contou o ex-executivo da Odebrecht a procuradores.

Rodrigo Jucá (PMDB), filho do senador Romero Jucá - Divulgação/Facebook/ChicoRodriguesRR-28.ago.2014 - Divulgação/Facebook/ChicoRodriguesRR-28.ago.2014
Candidato a vice-governador de Roraima em 2014, o peemedebista Rodrigo Jucá (à esquerda) participa de comício com o ex-governador Chico Rodrigues (PSDB), que tentava a reeleição
Imagem: Divulgação/Facebook/ChicoRodriguesRR-28.ago.2014

De acordo com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o delator informou que o pagamento só ocorreu em função da "ajuda que o senador estava prestando ao grupo Odebrecht durante o processo de discussão da MP 651/14".

Apelidada de "pacote de bondades", a medida provisória trazia, segundo Melo Filho, “alguns benefícios para alavancar a economia brasileira e consequentemente as empresas”.

O ex-diretor de Relações Institucionais contou que apresentou medidas preparadas pela equipe técnica da Odebrecht que geraram quatro emendas apresentadas por Jucá à MP.

Ao descrever as tipificações dos supostos crimes praticados por pai e filho, Janot disse que as condutas deles apontam para eventual crime de corrupção passiva --que tem pena prevista de dois a 12 anos de reclusão, e multa.

Doação para filho de Jucá - Reprodução - Reprodução
Doação de R$ 150 mil para o Diretório do PMDB no Estado de Roraima nas eleições de 2014 teria sido um pagamento disfarçado ao senador Romero Jucá (PMDB-RR)
Imagem: Reprodução

Outro lado

O senador Romero Jucá afirmou, em nota, que sempre esteve e sempre estará à disposição da Justiça para prestar qualquer informação.

“Nas minhas campanhas eleitorais sempre atuei dentro da legislação e tive todas as minhas contas aprovadas”, afirmou.

Também em nota, Rodrigo Jucá, que é ex-deputado estadual, informou que todas as doações para a campanha política realizada em 2014 foram feitas de acordo com a legislação eleitoral vigente.

Disse ainda que está à disposição para prestar qualquer informação necessária e espera que tudo seja apurado com agilidade e transparência. "Informamos ainda que as contas da campanha foram analisadas e aprovadas pelos órgãos competentes".