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Antes de delação, Marcelo Odebrecht chegou a criticar "quem dedura"

Do UOL, em São Paulo

14/04/2017 17h03Atualizada em 14/04/2017 18h38

No dia 1º de setembro de 2015, o herdeiro do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, prestou depoimento à CPI da Petrobras em Curitiba. Ele havia sido preso dois meses antes em uma das fases da Operação Lava Jato, sob a suspeita de fazer doações ilegais para políticos.

Diante de parlamentares, Marcelo afirmou que não tinha nada a delatar e que não gostava de “quem dedura” (assista ao vídeo).

Questionado pelo deputado Altineu Côrtes (PR-RJ) se tinha intenção de firmar uma colaboração, Marcelo deu um exemplo com suas filhas.

Segundo Odebrecht, quando elas brigavam e ele perguntava quem provocou a briga, "eu talvez brigasse mais com quem dedurou do que com aquele que fez o fato".

Para alguém dedurar, ele precisa ter o que dedurar. Esse é o primeiro fato. Isso eu acho que não ocorre aqui

Pouco depois do depoimento à CPI, em 29 de outubro de 2015, o maior empreiteiro do país entrou na sala do juiz federal Sergio Moro com um discurso pronto, no qual afirmou categoricamente, ao magistrado da Lava Jato, jamais ter orientado pagamento de propina. O depoimento de Odebrecht foi por escrito - ele entregou a Moro uma lista de perguntas e repostas preparadas por sua própria defesa e se recusou a responder o interrogatório.

Com o avanço das investigações e a descoberta por parte dos investigadores do "Setor de Operações Estruturadas", ou seja, o departamento de propina da construtora, a força-tarefa conseguiu provas que comprometeram Marcelo.

Em marco de 2016, já como ex-presidente do grupo Odebrecht, foi condenado pelo juiz Sergio Moro a 19 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e por integrar organização criminosa.

Em julho do mesmo ano, sua defesa começou a negociar o acordo de delação premiada. Em dezembro, os depoimentos foram prestados.

No primeiro mês de 2017, as delações de Marcelo e de outros ex-integrantes da Odebrechet foram homologadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Desde a última terça, com o fim do sigilo das delações, uma enxurrada de depoimentos em vídeo tem revelado detalhes de um grande esquema de corrupção.

'Acusação injusta'

No documento que entregou ao juiz federal Sérgio Moro, o empreiteiro apresentou uma sequência de 60 perguntas a ele próprio, escolhidas seletivamente por seus advogados. A estratégia era evitar questionamentos do juiz Moro.

A pergunta 32 era relativa à corrupção. "32. O senhor já efetuou pagamentos de propina ou orientou que fossem feitos pagamentos de propina? O senhor tem conhecimento de pagamento de propina pela Odebrecht?"

"Resposta de Marcelo Odebrecht: Não e não. Jamais orientaria esse tipo de conduta ilegal. Esta acusação é profundamente injusta. Aliás, isso também está comprovado nos autos, que não apontam nenhuma conduta minha nesse sentido."

(Com informações do Estadão Conteúdo)