Defesa de Dilma pede que marqueteiros mostrem provas de caixa 2
Os advogados da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) entraram nesta terça (25) com petições no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para que o casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura apresente provas de que a campanha da petista em 2014 recebeu caixa 2.
Em depoimento concedido nesta segunda (24) ao ministro do TSE Herman Benjamin, Santana e Mônica afirmaram que Dilma tinha conhecimento dos pagamentos ilícitos feitos para a sua campanha eleitoral em 2014, o que a ex-presidente nega. As declarações fazem parte do processo que analisa se a chapa formada por Dilma e Michel Temer cometeu abuso de poder político e econômico para se reeleger.
Santana disse ter conversado com a então presidente da República em meados de maio de 2014 sobre os pagamentos que seriam feitos via caixa 2. A presidente também teria perguntado ao casal se era seguro o pagamento feito por meio de uma conta no exterior.
De acordo com os depoimentos, a Odebrecht teria acertado pagar R$ 70 milhões ao casal via caixa 1 e outros R$ 35 milhões por meio de caixa 2. Da parte não contabilizada, os marqueteiros só teriam recebido algo entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões, deixando uma "dívida" na casa de R$ 25 milhões. O restante do pagamento, que seria feito usando uma conta no exterior, teria ficado comprometido com o avanço da Operação Lava Jato.
Em fevereiro, Mônica e Santana foram condenados pelo juiz Sergio Moro a oito anos e quatro meses de prisão por crime de lavagem de dinheiro no esquema de corrupção na Petrobras.
"Fatos inexistentes"
Ainda na segunda (24), Dilma Rousseff havia afirmado que os marqueteiros podem ter sido induzidos a “delatar fatos inexistentes”.
“Tudo indica que o casal, por força da sua prisão por um longo período, tenha sido induzido a delatar fatos inexistentes, com o objetivo de ganhar sua liberdade e de atenuar as penas impostas por uma eventual condenação futura”, disse a ex-presidente, por meio de nota. “João Santana e Monica Moura faltaram com a verdade no depoimento colhido pelo ministro relator Herman Benjamin, fazendo afirmações desprovidas de qualquer fundamento ou prova.”
Dilma negou ter negociado diretamente pagamentos durante suas campanhas eleitorais e disse que “sempre determinou expressamente a seus coordenadores de campanha que a legislação eleitoral fosse rigorosamente cumprida e respeitada”.
A ex-presidente também repudiou “o vazamento seletivo de trechos dos depoimentos”, afirmando haver a necessidade de rigorosa investigação pela Justiça Eleitoral, “como a sua defesa denunciara em outra oportunidade”.
Depoimentos da Lava Jato
Em depoimento ao juiz Sergio Moro no âmbito da Lava Jato, João Santana e Mônica Moura disseram ter recebido, no exterior, pagamentos feitos pela Odebrecht relativos à campanha de Dilma. Mônica também afirmou que "todos os candidatos" com quem trabalharam sabiam do uso de caixa 2 em suas campanhas. Agora, a defesa de Dilma pediu a Benjamin que solicite à Lava Jato todos os depoimentos dados pelo casal dentro da operação.
Os advogados também querem que Benjamin inclua nos autos do processo no TSE todos os documentos e informações obtidos a partir da cooperação jurídica firmada entre Brasil e Suíça referentes à conta Shellbill, por meio da qual Santana e Mônica disseram ter recebido, no país europeu, os recursos de caixa 2 pagos pela Odebrecht.
A defesa de Dilma ainda pede ao relator no TSE que peça ao STF (Supremo Tribunal Federal) o conteúdo das delações dos ex-executivos da Odebrecht. Segundo nota divulgada no site da ex-presidente, os advogados querem fazer o cotejo [comparação] "entre aquilo que foi afirmado no âmbito da Justiça Eleitoral e o anteriormente alegado pelos delatores perante o STF."
(*Com informações do Estadão Conteúdo)
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