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Lula provoca FHC: "Tucanos estão desaparecendo nas pesquisas"

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

25/04/2017 12h43Atualizada em 25/04/2017 14h21

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alfinetou, em entrevista nesta terça-feira (25), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Ontem, o tucano minimizou as pesquisas que colocam o petista como líder na corrida presidencial para 2018 e disse se tratar de mera "projeção no vazio”.

"O que você acha que ele [FHC] te diria se estivesse na frente na pesquisa? Você acha que ele te diria o mesmo? (...)", perguntou Lula em entrevista à "Rádio Cidade", de Natal, ao responder sobre a declaração do tucano.

"Obviamente, acho ser muito cedo para pesquisa, mas certamente os meus adversários não criticariam pesquisas se eles estivessem em primeiro, pelo menos em segundo. Pior é que nem em segundo [lugar] estão. Não sei se você percebeu que nas pesquisas os tucanos desaparecem. Começam a aparecer pessoas que não são nem conhecidas ainda" declarou o petista

Pesquisa inédita do Ibope divulgada na semana passada mostra que Lula voltou a ser o presidenciável com maior potencial de voto entre nove nomes testados pelo instituto. A última pesquisa Datafolha sobre a corrida presidencial de 2018, realizada em dezembro do ano passado, mostrou Lula em primeiro lugar nas quatros simulações de primeiro turnoPesquisa CNT/MDA, de fevereiro deste ano, também trazia o petista à frente.

Hoje, Lula disse ainda que os adversários rebatem as pesquisas porque elas "assustam". “Você sabe o que apanhei, você sabe o que apanho todo santo dia. É de madrugada, é de manhã, é no almoço, é na janta, é meia-noite, é na novela. O que acho que preocupa os meus adversários, que sonham em me destruir, para evitar que eu seja candidato em 2018, é que, quando faz uma pesquisa, eu apareço em primeiro lugar. É isso que deve deixar eles com sono, deve deixar eles muito amargos. Ficam pensando: 'o que vamos fazer para destruir o Lula?' Isso assusta", disse.

O ex-presidente voltou a citar que não sabe se será candidato. "É muito cedo para discutir a eleição de 2018." Mas, em tom claro de discurso, o ex-presidente antecipou que planeja uma viagem pelo Nordeste em breve para "conversar com as pessoas". A viagem começaria pela Bahia e iria até o Maranhão.

"Eu quero defender o legado do PT, o partido que mais gerou empregos, mais aumentou salário, mais levou energia à casa das pessoas, fez mais rodovias, teve coragem de fazer transposição [do rio São Francisco] e que fez o povo brasileiro recuperar a autoestima. Nós temos condição de consertar o Brasil", declarou.

Críticas às reformas

O ex-presidente ainda falou sobre as reformas trabalhista e previdenciária que tramitam no Congresso. Questionado porque nem ele nem a ex-presidente Dilma Rousseff propuseram reformas, citou a falta de consenso entre as partes.

"[A reforma trabalhista] teve uma comissão que ficou mais de dois anos funcionando, com confederações sindicais, CNI [Confederação Nacional da Indústria] e, depois disso, não se chegou a um acordo, porque um quer mais do que tem, e outro rasga o que tem", justificou, citando que no país faltam sindicatos fortes para que a regra do legislado valer menos que o acordado.  

"Qual a dificuldade? É que os empresários querem rasgar a CLT e colocar a livre negociação, como se fosse possível no Brasil, onde tenho meia dúzia de sindicatos fortes para negociar em igualdade de condições", citou.