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Esquema de segurança para depoimento de Lula tem atiradores de elite

Policiamento reforçado na Justiça Federal, em Curitiba, onde Lula irá depor a Moro - Daniel Derevecki/Foto Arena/Estadão Conteúdo
Policiamento reforçado na Justiça Federal, em Curitiba, onde Lula irá depor a Moro Imagem: Daniel Derevecki/Foto Arena/Estadão Conteúdo

Bernardo Barbosa e Flávio Costa

Do UOL, em Curitiba

10/05/2017 13h27

Atiradores de elite da Polícia Federal estão posicionados em prédios no entorno do prédio da Justiça Federal do Paraná, em Curitiba, apurou a reportagem do UOL. É lá que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai depor ao juiz Sergio Moro às 14h desta quarta (10) em Curitiba.

A reportagem teve acesso a fotos que mostram onde alguns dos atiradores estão posicionados, mas, por motivos de segurança, as imagens não serão publicadas.

O uso de atiradores faz parte de um grande esquema de segurança organizado para o depoimento. Centenas de policiais militares cercam o prédio da Justiça Federal, e várias ruas em torno do edifício estão isoladas. Apenas moradores, comerciantes e jornalistas credenciados têm acesso à região.

Enquanto centenas de policiais e dezenas de profissionais da imprensa nacional e estrangeira se espalham na via, moradores e comerciantes da região também observam o movimento atentamente; um olho nos helicópteros que dão rasantes a todo momento e outro no que acontece na rua.

O estudante de fisioterapia Bernardo Nakamura quase não deixou a calçada em frente ao prédio vizinho à Justiça Federal durante metade da manhã. Disse que estava impressionado com o esquema de segurança.

"Nossa, foi bonito de ver", disse ele sobre os policiais chegando em grande número ao local.

Perguntado sobre o que acha que vai acontecer no depoimento, o estudante disse achar que "não vai dar em nada".

"Acho meio injusto punir apenas ele", afirmou. 

Na mesma calçada, uma lanchonete e uma loja de produtos naturais abriram as portas. Uma funcionária que preferiu não se identificar falou da dificuldade para chegar no trabalho com os bloqueios policiais, mas não reclamou do transtorno.

"Não é o Lula que vai pagar nosso dia de trabalho", afirmou.

Esquema de segurança

Os preparativos para o depoimento mexeram com a rotina e a paisagem do Ahú, um bairro de classe média alta, onde fica o prédio da Justiça Federal do Paraná em que o petista será interrogado.

O bairro ganhou novas cores, com tom de tensão: ao lado do verde das árvores que dominam a vizinhança, agora há o cinza das grades e o laranja dos cones usados para isolar a região. Um "caveirão" preto do Batalhão de Choque guarda a avenida Anita Garibaldi, onde fica o prédio da Justiça. Os coletes e capacetes também pretos dos policiais militares acompanham as fardas beges, completando a paleta do dia.

A assessoria de imprensa da Polícia Militar do Paraná não informou o efetivo de policiais --segundo a corporação, o motivo são as questões estratégicas de segurança. A tropa ocupa o lugar desde o início manhã e deve permanecer no entorno da Justiça Federal enquanto durarem os depoimentos.

Até o momento, a PM não registrou nenhuma ocorrência grave relacionada ao caso.

O ex-presidente será interrogado pelo processo em que foi acusado pelo MPF (Ministério Público Federal) do Paraná de receber como parte do pagamento de propinas pela OAS –em troca de três contratos da empreiteira com a Petrobras –um tríplex no edifício Solaris, no Guarujá, no ano de 2009. Lula nega a posse e mesmo qualquer pedido sobre o imóvel. O processo está na fase de instrução.