"Ninguém mais aguenta toda essa podridão", diz Deltan Dallagnol, da Lava Jato
O coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, afirmou na noite desta quarta-feira (17) que "ninguém mais aguenta toda essa podridão". O "desabafo", para usar as próprias palavras do procurador da República, foi publicado em sua página pessoal no Facebook, após a divulgação da conversa entre o empresário Joesley Batista e o presidente Michel Temer.
De acordo com informações divulgadas pelo jornal "O Globo" nesta quarta-feira (17), Batista teria encontrado Temer no dia 7 de março no Palácio do Planalto. O empresário teria registrado a conversa com um gravador escondido. Batista disse ter contado a Temer que estava pagando a Cunha e ao lobista Lúcio Funaro para ficarem calados. O presidente, segundo o empresário, responde: "Tem que manter isso, viu?".
"Há muitas reformas necessárias, mas a prioritária é a Anticorrupção. Ninguém mais aguenta toda essa podridão. Se este Congresso não fizer as reformas necessárias contra a corrupção, será uma confissão de incompetência e merecerá a vergonha dos crimes que o cobrem --com as honrosas exceções daqueles que estão lutando por essas mudanças", escreveu Dallagnol.
"E a melhor coisa que a sociedade poderá fazer, além de protestar, será mostrar sua indignação nas urnas, colocando no Congresso em 2018 pessoas comprometidas com as transformações que queremos ver. Não roubarão nosso país de nós. Lutaremos por ele até o fim", completou ele.
'É preciso acreditar no trabalho do MPF', diz Carlos Fernando
Dallagnol ecoou as palavras do procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que também se pronunciou, um pouco mais cedo, na rede social. Ele também é integrante da força-tarefa da Lava Jato no Paraná.
"É preciso acreditar em um trabalho sério desenvolvido pelo Ministério Público Federal desde o início de 2014. Enquanto diziam que éramos contra um partido ou outro, a Procuradoria da República se manteve firme na sua tarefa de revelar a corrupção político-partidária sistêmica que mina todos os esforços da população para trabalhar e crescer por esforços e méritos próprios", escreveu Carlos Fernando.
"Não sejamos maniqueístas de achar que ou é o partido X ou o partido Y o problema. É muito mais que isso. Nem também aceitemos a ideia de que precisamos encerrar as investigações, jogando tudo debaixo do tapete, em troca de uma recuperação econômica. Enquanto não mudarmos a política e as leis processuais e penais, viveremos uma crise atrás de outra. Precisamos acreditar que é possível mudar", completou o procurador.
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