Bastidor foi de "indignação e sofrimento", diz aliado de Temer
Após o presidente da República, Michel Temer, declarar que não vai renunciar, o vice-líder do PMDB na Câmara, deputado federal Darcísio Perondi (RS), afirmou que o bastidor desta quinta-feira (18) no Palácio do Planalto, sede da Presidência, foi de “indignação e sofrimento”.
“[O bastidor] foi de indignação e de sofrimento, sim”, admitiu ao descrever como foi o dia enquanto se formava uma crescente expectativa de pronunciamento de Temer sobre as acusações feitas pelo executivo da JBS, Joesley Batista.
Segundo Perondi, Michel Temer é um homem “muito inteligente” e “liderou” o posicionamento a ser tomado pelo governo.
O dia de Temer
Durante todo o dia, deputados, senadores e políticos aliados se encontraram com Temer no Planalto. De acordo com Perondi, cerca de 25 deputados passaram toda a manhã reunidos com o presidente.
Temer almoçou no próprio Planalto com ministros -entre eles, Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), responsável pela articulação política do governo com o Congresso. No início da tarde, um grupo de parlamentares voltou ao palácio para se reencontrar com Temer.
Apesar de discutir quais seriam as próximas medidas, questionado por jornalistas, Perondi garantiu que a renúncia nunca foi cogitada.
“Em nenhum momento essa palavra permaneceu. [...] As palavras são reconstrução, recomeço, enfrentamento, esperança, indignação”, afirmou.
De acordo com Perondi, o empresário da JBS, Joesley Batista tentou, por 60 dias, ser recebido pelo presidente Temer, que não o atendia. “Este empresário [..,] descobriu o telefone particular do Michel e o Michel atende. Quantas vezes eu vi o Michel tirar o telefone, atender e ver que era ele”, disse.
Diante da insistência, argumentou o aliado, Temer recebeu Batista no Palácio do Jaburu, residência do presidente desde quando era vice. “Ele [Joesley Batista] mostrou sua falta de caráter, orientado não sei por quem. Com certeza foi uma cilada.”
Ao sair em defesa de Temer após o pronunciamento do presidente, Perondi também chamou Batista, de “moleque”. Perondi criticou o fato de o executivo ter somente um “matadouro há 10, 15 anos atrás” e, segundo o deputado, com juros baixos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, construiu a maior multinacional de carnes do mundo.
Pronunciamento de Temer
Na tarde desta quinta (18), o presidente Michel Temer (PMDB) em pronunciamento no Palácio do Planalto afirmou categoricamente: "Não renunciarei. Repito, não renunciarei. Sei o que fiz e sei a correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dubiedade ou de dúvida não pode persistir por muito tempo."
O governo Temer passa por sua mais grave crise, causada por denúncias feitas por delatores da JBS de que teria assentido com a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"Não comprei o silêncio de ninguém, sempre honrei meu nome e nunca autorizei usar meu nome indevidamente", disse Temer. O presidente fez a declaração em um dos salões do segundo andar do Palácio do Planalto. De terno preto e mexendo na gravata cinza, Temer entrou acompanhado de uma comitiva de políticos, que, durante o discurso, ficaram em pé em um dos lados do espaço.
Temer confirmou que se encontrou com Joesley Batista, da JBS, e que o empresário contou a ele que “auxiliava um ex-parlamentar”.
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