Em carta, Janot diz que prisão de procurador traz "gosto amargo" à PGR
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, divulgou nota na manhã desta quinta-feira (18) em que classificou a prisão preventiva do procurador da República Ângelo Goulart Villela como episódio que simboliza um “gosto amargo para a nossa Instituição”. No documento, que é endereçado aos servidores da PGR, Janot ressalva, por outro lado, que a medida “está embasada em robusta documentação, coletada por meio de ação controlada.”
O procurador destacou que o pedido para prisão tanto de Villela quanto do advogado Willer Tomaz, ligado ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi feito por ele próprio ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, relator da operação Lava Jato na Corte.
De acordo com o MPF-DF (Ministério Público Federal no Distrito Federal), Villela, preso nesta quinta-feira (18) por ordem do STF, foi "infiltrado" pelo empresário Joesley Batista, do grupo JBS, para extrair informações da Operação Greenfield --deflagrada em novembro passado pela Procuradoria da República no DF e pela Polícia Federal para investigar uma série de investimentos suspeitos feitos por fundos de investimento privados em conexão com fundos de pensão de servidores públicos. Um dos casos envolve a Eldorado, um braço do grupo comandado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista.
Na carta, Janot contrapõe o “gosto amargo”, pela prisão do procurador, ao “sucesso desta etapa” da operação Lava Jato.
“Há três anos, revelou-se um esquema criminoso que estarrece os brasileiros. As investigações realizadas pelo Ministério Público Federal e outros órgãos públicos atingiram diversos níveis dos Poderes da República em vários Estados da Federação e, aquilo que, até então, estava restrito aos círculos da política e da economia, acabou chegando à nossa Instituição”, escreveu o procurador-geral.
“Exercer o cargo de Procurador-Geral da República impõe, não poucas vezes, a tomada de decisões difíceis. Nesses momentos, o único caminho seguro a seguir é o cumprimento irrestrito da Constituição, das leis e dos deveres institucionais. Não há outra forma legítima de ser Ministério Público”, completou.
Sobre os pedidos de prisão solicitados a Fachin sobre Villela e Tomaz, Janot justifica que eles foram necessários “com o objetivo de interromper suas atividades ilícitas”. No caso de Villela, ele enfatizou ainda que pediu “o afastamento do procurador de suas funções no Ministério Público Federal. Determinei também sua exoneração da função de assessor da Procuradoria-Geral Eleitoral junto ao TSE e revoguei sua designação para atuar na força-tarefa do caso Greenfield.”
“Como Procurador-Geral da República, cumpri meu dever institucional e adotei as medidas que a Constituição e as leis me impunham. Sigamos confiando nas instituições republicanas”, concluiu.
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