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Prejuízo após protesto é de ao menos R$ 1,4 milhão, diz governo

24.mai.2017 - Manifestantes ateiam fogo em prédios da Esplanada dos Ministérios e aumentam o confronto com a Policia durante protesto contra Temer, em Brasília - Eduardp Anizelli/Folhapress
24.mai.2017 - Manifestantes ateiam fogo em prédios da Esplanada dos Ministérios e aumentam o confronto com a Policia durante protesto contra Temer, em Brasília Imagem: Eduardp Anizelli/Folhapress

Mirthyani Bezerra e Saulo Novaes

Do UOL, em São Paulo

25/05/2017 18h47Atualizada em 25/05/2017 20h05

A sequência de depredações de prédios públicos na Esplanada dos Ministérios durante a manifestação desta quarta-feira (24) em Brasília provocou prejuízo de ao menos R$ 1,4 milhão aos cofres públicos, de acordo com levantamento dos ministérios do Planejamento e da Agricultura. 

Do material destruído no prédio do Planejamento, as perdas somam R$ 330 mil, sobretudo com mobiliário (mais de R$ 140 mil) e computadores (R$ 55 mil). Já na Agricultura, o prejuízo de R$ 1,1 milhão é decorrente do fogo, que invadiu a recepção da entrada privativa e a sala de reunião do térreo. As chamas alcançaram até o terceiro andar do prédio, segundo informações dos ministérios.

A AGU (Advocacia-Geral da União) informou que pediu com urgência aos ministérios um levantamento sobre os prejuízos causados durante as manifestações e que os organizadores poderão ser responsabilizados. "O objetivo é obter subsídios para o ajuizamento de uma ação que buscará a reparação pelos danos ao patrimônio público. Poderão ser responsabilizados os organizadores e demais agentes identificados pela polícia. O processo será aberto com a conclusão do envio de informações por parte dos órgãos que tiveram suas instalações danificadas", disse a instituição em nota.

O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves -- o Juruna -- pediu nesta quinta-feira (25) que o ministro da Defesa, Raul Jungmann, tenha “responsabilidade na análise” dos responsáveis pelas depredações de prédios públicos durante a manifestação ocorrida ontem em Brasília. O ato foi organizado por seis centrais sindicais. Na manhã desta quinta-feira (25), Jungmann citou as centrais sindicais como possíveis responsáveis pelas depredações.

Para Juruna, acusar as centrais sindicais de "tocarem fogo nos ministérios é exagero e irresponsabilidade”. “O que exijo do ministro – e exijo por sou cidadão – é responsabilidade na análise das coisas. Não é justo que um ministro que tem caráter democrata, que tem acompanhado as lutas sociais, as manifestações de massa, fale uma bobagem dessas”, disse Juruna, se referindo a uma possível responsabilização das centrais sobre os danos causados durante o ato.

Segundo Juruna, o ato saiu pacífico do estádio Mané Garrincha rumo à Esplanada dos Ministérios. A confusão teria começado quando um grupo de black blocs avançaram contra a PM. “Nós pedimos para que as pessoas não avançassem, mas a PM preferiu jogar bomba nos manifestantes, em cima do carro de som, do que controla esse pequeno grupo [de black blocs]. Os trabalhadores e trabalhadoras que saíram de vários lugares do Brasil foram recebidos em Brasília com bombas de gás”, disse.

24.mai.2017 - Manifestantes entram em confronto com a Policia durante protesto contra o presidente Michel Temer, nas ruas da Esplanada dos Ministérios, em Brasilia - Eduardo Anizelli/Folhapress - Eduardo Anizelli/Folhapress
24.mai.2017 - Manifestantes entram em confronto com a policia durante protesto contra Temer
Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Ao ser questionado se a Força Sindical apoia a saída de Michel Temer, Juruna disse que “foi deixado em aberto” para que cada um se manifestasse individualmente sobre essa questão. “Queremos que as reformas sejam paralisadas diante do clima político que estamos vivendo”, disse.

Para Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT, após a ação da polícia, que ele classificou como "despreparada" para lidar com as manifestações de ontem, o governo deve renunciar e convocar eleições gerais diretas. Nobre refuta as declarações de Jungmann e afirma que as imagens dos confrontos na Esplanada do Ministérios mostram que as centrais sindicais e os manifestantes foram recebidos com bombas de gás pela PM, que, segundo ele, provocou o tumulto.
 
"O que aconteceu [a violência] foi um desrespeito com a democracia", disse Nobre, afirmando que "as centrais sindicais fazem seu papel e não podem ficar quietas quando o governo quer impedir os trabalhadores de continuar a ter seus direitos. Se querem achar um responsável [pelo tumulto], foi o fato de a democracia ter sido desrespeitada".
 
O secretário-geral da CUT ainda lamentou as cenas de depredação dos prédios dos ministérios, mas ressaltou que a violência por parte da PM "é inaceitável" e que a ação "poderia ter sido muito mais trágica".
 
Já o presidente da UGT – União Geral dos Trabalhadores, Ricardo Patah se disse surpreso com a reação do governo. "As centrais sindicais já fizeram outras tantas marchas para Brasília e nunca tiveram problemas de ordem antes; eram recebidas na porta por Lula e Dilma", afirmou Patah.
 
Para ele, as centrais sindicais não têm responsabilidade nenhuma sobre os atos de vandalismo. "Nosso ato pacífico e ordeiro foi manchado pelos black blocks, que tinham interesses distintos dos demais manifestantes e trabalhadores. O governo tem de ir atrás dos responsáveis porque isso é depredação de patrimônio público, do nosso patrimônio", ressaltou Patah.
 
O Ministério do Planejamento ainda aguarda os resultados das perícias que estão sendo realizadas por órgãos especializados para que seja calculado o total de gastos que a União com os reparos pós-manifestação.
 
As centrais sindicais planejam a se reunir na próxima segunda-feira, às 15h, para anunciar os próximos passos. Segundo os representantes das entidades, estarão na pauta a possibilidade de convocação de greve geral e novas manifestações.
 
(Com informações do Estadão Conteúdo)