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Voto vencido, Tasso admite incoerência do PSDB em ficar na base do governo

12.jun.2017 - Senador Tasso Jereissati (CE), presidente do PSDB, discursa durante plenária do partido em Brasília. A legenda decide se fica ou sai do governo Temer - Divulgação/PSDB
12.jun.2017 - Senador Tasso Jereissati (CE), presidente do PSDB, discursa durante plenária do partido em Brasília. A legenda decide se fica ou sai do governo Temer Imagem: Divulgação/PSDB

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

12/06/2017 23h24Atualizada em 12/06/2017 23h35

Em plenária realizada em Brasília nesta segunda-feira (12), os principais nomes do PSDB decidiram que o partido vai se manter na base aliada do governo, apesar das denúncias enfrentadas pelo presidente Michel Temer (PMDB). O presidente interino da legenda, Tasso Jereissati (PSDB), revelou que foi voto vencido na decisão, já que apoiava que os quatro ministros tucanos do governo entregassem seus cargos.

"Minha posição [sobre entregar os cargos] foi vencida. Não houve consenso da maioria", afirmou o senador cearense, segundo o qual o partido seguirá "acompanhando diariamente os acontecimentos, sem renunciarmos às nossas posições anteriores. Estamos em nome da estabilidade e das reformas que são necessárias.

Tasso admitiu incoerência na decisão final do partido, que segue no governo, mas deve entrar com recurso para que a decisão da última sexta-feira (9) do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de absolver a chapa Dilma-Temer das acusações de abuso de poder político e econômico na campanha de 2014 seja revista no STF (Supremo Tribunal Federal).

"Com certeza existe uma incoerência nisso, mas foi a incoerência que a história nos colocou", avaliou o presidente do partido. "Esse não é o meu governo, o governo dos meus sonhos. Não votei nem nele nem nela. Estamos no governo por conta das circunstâncias do nosso país. Nós devemos estar juntos por conta da estabilidade".

Sobre a decisão do PSDB de recorrer da decisão do TSE, Tasso disse ser favorável. "Acho que devemos recorrer porque nós é que entramos com a ação. Achamos que houve corrupção e uso indevido do dinheiro público nas eleições de 2014, e não temos porque ficarmos calados."

Eleições no PSDB e no Brasil

Durante a reunião desta segunda, diversos tucanos apoiaram que o partido realize uma convenção para eleger o novo presidente do partido, já que Aécio Neves está licenciado desde que virou alvo de inquérito no STF acusado de corrupção passiva e obstrução da Justiça em maio, após as delações de executivos da JBS.

Tasso Jereissati, que ocupa interinamente a presidência da legenda, apoiou a ideia. "A Executiva deve ser convocada na semana que vem para definir a realização de nova convenção do partido", afirmou, sem entrar em detalhes sobre a situação de Aécio Neves. "Não discutimos a situação de Aécio [na Presidência do partido]. Não vamos crucificá-lo, vamos dar a ele o direito de todo brasileiro, que é o direito de defesa".

Sobre outra eleição, a presidencial de 2018, o senador declarou que ainda é cedo para tratar o tema. Atualmente, Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, e João Doria, prefeito da capital paulista, são apontados como os principais nomes do partido para disputar a corrida eleitoral. Ambos, inclusive, são os principais defensores da permanência do PSDB no governo Temer.

Questionado se a decisão de ficar na base aliada estaria de olho já em 2018, Tasso rebateu. "2018 hoje está a dois mil anos-luz", por conta da atual situação do país. "Eu não fiz acordo com ninguém, nem com PMDB, nem sobre eleição de 2018".