Raimundo Lira é o novo líder do PMDB no Senado após renúncia de Renan
Seis dias após a renúncia de Renan Calheiros (AL), o PMDB escolheu nesta terça-feira (4) o novo líder da bancada do partido no Senado. A função ficará a cargo de Raimundo Lira (PB), aclamado por unanimidade nesta noite pelos correligionários que participaram da reunião, na sala da liderança na Casa.
Ao todo, 22 senadores compõem a bancada do PMDB no Senado, e quase todos estiveram no encontro de hoje, inclusive o próprio Calheiros. Na última quarta, ele renunciou à função de líder do partido após fazer novas críticas ao governo do presidente Michel Temer (PMDB) e dizer que não acataria às exigências da legenda para aprovar as reformas propostas pelo Palácio do Planalto.
Desde o anúncio de Renan, o nome de Raimundo Lira já aparecia como uma das indicações mais fortes para ocupar o posto. Cotados inicialmente, Jader Barbalho (PA) e Garibaldi Alves (RN) informaram que não pretendiam assumir a função. A senadora Kátia Abreu (TO) era outro nome ventilado nos bastidores.
"A minha responsabilidade ficou muito grande na medida em que fui eleito por unanimidade", disse Lira ao final do encontro. “O nosso objetivo é harmonizar a bancada e representar o pensamento da maioria”.
Ele ainda elogiou seu antecessor. "Temos que respeitar o senador Renan Calheiros, que tem prestígio nessa Casa".
Lira se destacou, no ano passado, como presidente da Comissão de Impeachment no Senado da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Na saída da reunião, o senador Romero Jucá, presidente nacional do PMDB e líder do governo na Casa, disse que o encontro mostrou "a força e a unidade da bancada". Para ele, Lira tem "todas as condições de conduzir bem a bancada nessa transição, nesse desafio que o país está enfrentando".
“Eu estou muito feliz como presidente do partido de ver a maturidade da bancada e verificar que estamos dando um passo importante no sentido de preparar o trabalho desse ano e o trabalho do próximo ano com a eleição de 2018”, declarou Jucá.
Explicando aos repórteres que o abordaram que não era "politicamente correto" dar uma entrevista coletiva sobre a eleição do sucessor, Renan se limitou a dizer que Lira "sistematiza a variedade de correntes do PMDB" e que o papel é "relevante para o Brasil”.
Renan renuncia e diz que não será "marionete"
Na quarta-feira (28), Renan Calheiros renunciou à liderança do PMDB no Senado. Em discurso no plenário, o político voltou a criticar o governo Temer, como vinha fazendo há semanas, e disse que não tem "vocação para marionete".
"Deixo a liderança do PMDB" foi a primeira frase do senador. "Devolvo o honroso cargo que me confiaram. Procurei exercer [a liderança] com dignidade, sempre orientado pelos objetivos do país".
Renan disse que renuncia por não compactuar com as ideias do governo e as reformas propostas pelo poder Executivo, especialmente a trabalhista. "Não odeio Michel Temer. Isso não é verdade. O que não tolero é sua posição covarde diante do desmonte da Consolidação das Leis do Trabalho [CLT]".
"Não estou disposto a liderar o PMDB atuando contra os trabalhadores e estados mais pobres da Federação", disse ele. "Não vou ceder a um governo que trata o partido como um departamento do poder Executivo (...). Não tenho a menor vocação para marionete. O governo não tem credibilidade para concluir essas reformas exageradas e desproporcionais".
Falando na tribuna do plenário, Renan também voltou a atacar uma suposta influência direta do ex-deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso, no governo Temer. De acordo com o senador, “os últimos acontecimentos comprovam sua total influência no governo”.
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