PSDB mantém Aécio afastado do comando; Tasso diz que partido não "faz questão" de ministérios
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) anunciou nesta quinta-feira (3), em Brasília, que permanecerá licenciado do cargo de presidente nacional do partido e que o também senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), presidente interino, continua à frente do partido. "O senador Tasso Jereissati é hoje quem tem as melhores condições para conduzir a renovação do PSDB", disse Aécio.
A decisão foi tomada entre eles em um encontro na terça-feira, a pedido de Tasso, um dia depois de o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitar ao STF (Supremo Tribunal Federal) a prisão do mineiro pela terceira vez. O UOL apurou que Tasso ameaçou deixar o comando do partido caso Aécio continuasse a se comportar como um presidente em atividade. No final de semana, Aécio se encontrou com governistas em uma tentativa evitar o rompimento dos tucanos com o presidente Michel Temer.
Aécio e Tasso divergem sobre a permanência do PSDB na base aliada. Por isso, a articulação em favor de Temer para a votação da denúncia azedou ainda mais a situação entre os dois. Tasso é dos tucanos que defendem o desembarque do partido do governo do PMDB. Para tucanos da Câmara, o PSDB fica impossibilitado até de criticar o PT enquanto Aécio for o presidente do partido. "É uma sangria permanente", disse um deles.
O pedido de prisão contra Aécio antecipou o ultimato de Tasso.
O senador mineiro não quis responder à pergunta de jornalistas sobre se a denúncia por corrupção contra ele no STF (Supremo Tribunal Federal) pesou na decisão de prolongar o comando de Jereissati à frente do partido. "Essa é uma questão que está sendo tratada na Justiça e lá será tratada", afirmou.
Segundo Aécio, o PSDB deverá antecipar as convenções municipais e estaduais para discutir a renovação do programa partidário e, até o fim deste ano, definir quem será seu candidato à Presidência da República em 2018. Aécio também disse que, se não houver consenso sobre o candidato à Presidência, deverão ocorrer prévias internas do partido em fevereiro ou março do ano que vem. A nova direção do partido, e seu futuro presidente, deverão ser eleitos até o fim deste ano.
Também presente na reunião, Jereissati afirmou que o partido mantém o apoio às reformas defendidas pelo governo Temer, e que "não faz questão" de cargos. "Vamos continuar aprovando todos os projetos que são de interesse do país, como a reforma da Previdência", disse.
"Acho sem maior importância isso [ministros entregarem cargos]. Quem manda nisso é o presidente da República. Se ele quiser tirar todos os nossos ministros, é problema dele. O partido não faz questão desses ministérios, e isso em nada muda nossa posição quanto à votação dos projetos necessários ao país", afirmou Jereissati.
Nesta quarta-feira (2), a bancada do PSDB se mostrou dividida na Câmara em relação à denúncia por corrupção contra o presidente Michel Temer. Apesar da orientação da liderança do partido para que os deputados votassem a favor da denúncia, a bancada ficou dividida, com 21 votos favoráveis e 22 contrários.
O anúncio aconteceu no dia seguinte à votação na Câmara dos Deputados que decidiu barrar a denúncia da PGR contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB). Dividido pelo apoio a Temer, o PSDB - segunda maior bancada da Câmara dos Deputados, atrás apenas do PMDB - contribuiu para impedir a investigação contra o peemedebista no STF (Supremo Tribunal Federal).
Racha em votação
Em votação realizada nesta quarta-feira (02), dos 47 deputados do partido na Câmara, 22 votaram "sim", por barrar a denúncia, e quatro se ausentaram, o que acabou computando favoravelmente ao arquivamento. Os outros 21 votaram "não", pelo prosseguimento da denúncia, e foram derrotados ao lado da oposição.
Os votos "sim" eram favoráveis ao parecer do deputado Abi-Ackel (PSDB-MG), que pedia o arquivamento da denúncia. Votos "não" eram contra o relatório e a favor da investigação.
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