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Lava Jato investiga empresas na Europa e nos EUA por pagamento de propina

18.ago.2017 - O procurador da República, Paulo Roberto Galvão de Carvalho - GERALDO BUBNIAK/AGB/ESTADÃO CONTEÚDO
18.ago.2017 - O procurador da República, Paulo Roberto Galvão de Carvalho Imagem: GERALDO BUBNIAK/AGB/ESTADÃO CONTEÚDO

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

18/08/2017 13h14

As duas operações deflagradas pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (18) mostram o envolvimento de empresas estrangeiras no esquema de pagamentos de propina para a realização de contratos com a Petrobras. Elas teriam sede nos EUA, Grã-Bretanha, Grécia, Suíça e Luxemburgo.

Segundo as investigações, o ex-deputado Cândido Vaccarezza, que foi preso temporariamente por agentes da Polícia Federal, recebeu US$ 438 mil de propina por usar sua influência como parlamentar para que a Petrobras contratasse a empresa norte-americana Sargeant Marine.

O valor teria sido recebido até 2011, mas as investigações não descartam a possibilidade de que o ex-parlamentar tenha levado um valor maior, já que os contratos com a empresa norte-americana perduraram até o final de 2014.

Segundo a Lava Jato, entre 2010 e 2013, foram celebrados doze contratos no valor de aproximadamente US$ 180 milhões (R$ 570 milhões) entre a Petrobras e a Sargeant Marine para a contratação do fornecimento de asfalto pela empresa estrangeira à estatal petrolífera.

“Nos registros que a gente tem são de pagamentos até meados de 2011, mas as provas indicaram que pela troca de gerentes, pela manutenção do grupo, e pela existência de contratos de fornecimento que foram celebrados até final de 2014, não descartamos a possibilidade de que ele tenha recebido não apenas US$ 438 mil”, afirmou o delegado da polícia federal Filipe Hille Pace.

No âmbito da operação Sem Fronteiras, o procurador da república Paulo Roberto Galvão de Carvalho, contou que até nove empresas estrangeiras com sede em “quatro ou cinco países” também recebem vantagens indevidas em contratos com a Petrobras por meio do pagamento de propina a agentes públicos.

“A gente vê que tanto esse caso [Sem Fronteira] quanto no outro [Abate], envolve cerca de oito ou nove empresas internacionais e mais quatro ou cinco países envolvidos nas investigações da operação Lava Jato”, explicou.

Carvalho disse ainda que muitas dessas empresas não têm cooperado com as investigações. “As empresas estrangeiras não têm cumprido seu papel e obrigações no sentido de também realizar as suas investigações internas, procurarem as autoridades e cooperarem com as investigações. Isso é o que se espera dessas empresas, a efetiva responsabilidade delas está sendo investigada, mas o que se esperaria é que elas também fizessem uma apuração interna e apresentasse os dados às autoridades”, afirmou.

18.ago.2017 - Lava Jato Movimentação na PF no Rio - FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO - FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO

Reforma política

Os procuradores da força tarefa da Lava Jato fizeram críticas a alguns pontos da proposta de reforma política que vêm sendo discutidos no Congresso.
Eles afirmaram que propostas como legalização de bingos e a realização de doações ocultas de campanha “facilitariam ao invés de coibir a corrupção na política”.

Segundo o grupo de procuradores o ponto central da reforma política tem que ser evitar a prática de corrupção e de financiamentos indevidos.

“Os procuradores da força tarefa entendem que é muito necessário mudar esse sistema político que não apenas permitiu como incentivou, durante todo esse período, que os negócios do poder público fossem feitos a partir do pagamento de propina”, afirmou o procurador Paulo Roberto Galvão de Carvalho.