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Alta de homicídios está ligada ao aumento da pobreza, diz Lula em PE

Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Imagem: Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

25/08/2017 11h05

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (25) que, com o aumento da pobreza, o roubou de celular "virou uma indústria" e que essa é a causa da alta no número de homicídios em Pernambuco. O Estado é responsável por 50% da alta dos assassinatos no Brasil. Até julho, foram registrados 3.323 crimes contra vida no Estado, mais do que o registrado em todo 2016.

"Por que aumentou o homicídio [em Pernambuco]? Porque aumenta a pobreza. É uma coisa que está intimamente ligada. O cidadão [já] teve acesso a um bem material, a uma casa, a emprego, e de repente o cara perde tudo. Virou uma indústria de roubar celular. Para que que rouba celular? Para vender, para ganhar um dinheirinho”, afirmou em entrevista a jornalistas no Estado. A passagem do petista por Pernambuco faz parte caravana pelo Nordeste.

Lula disse ainda que o aumento da violência em Pernambuco “é causada pela desesperança”. “Não tem nada que possa motivar mais um ser humano do que acreditar, sonhar, com alguma coisa boa, que amanhã, o depois de amanhã, vai ser melhor. Quando não vislumbra esse mundo melhor, ele cai no desespero”, disse.

No primeiro semestre de 2017, o Brasil teve 28 mil homicídios, 1.700 mortes a mais do que no mesmo período do ano passado; 913 deles aconteceram em Pernambuco.

Alianças para 2018

Apesar de o PSB de Eduardo Campos ter rompido com o PT e de a bancada socialista ter votado a favor do impeachment de Dilma Rousseff, Lula disse que sabe separar as relações políticas das pessoais. Ele visitou a viúva de Campos, Renata Campos, no primeiro dia da sua caravana no Recife, indicando uma reaproximação entre os dois partidos.

“Eu não confundo a minha relação política com a pessoal. Todo mundo aqui sabe da minha relação com Eduardo Campos, com a família dele, desde o tempo de Arraes, de Madalena. Eu quero manter essa relação independentemente do partido que eles forem e da posição política”, disse.

Lula disse ainda que alianças políticas continuam sendo necessárias para que os partidos ganhem as eleições, ao ser questionado sobre as possíveis alianças que o partido poderá fazer nas eleições do ano que vem.

“Quando um partido político como o PT procura fazer aliança política, só procura quando tem clareza que sozinho não ganha as eleições e que se ganhar não governa se não tiver a maioria no Congresso Nacional. Esse é o dado concreto”, afirmou.

E novamente enfatizou: “tem que fazer alianças, mesmo que não seja um acordo definitivo, mas tem que fazer acordos pontuais. Se tem um cara de direita que eu não gosto, mas ele tem voto, então eu preciso de alguém que tenha proximidade que vai conversar para pedir o voto dessa gente”.

Ainda falando sobre alianças, o ex-presidente voltou a mencionar a sua relação com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). O peemedebista participou esta semana de um ato ao lado de Lula em Alagoas e acabou sendo vaiado.

“O Renan pode ter todos os defeitos, mas me ajudou a governar esse país. Se ele cometeu algo erro, eu sou da opinião que todo mundo é inocente até que se prove o contrário. Se eu quero para mim, tenho que querer para os outros também”, disse.