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Gleisi diz à Justiça que ela sofre perseguição de advogado de Youssef

Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil
Imagem: Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

28/08/2017 15h39Atualizada em 28/08/2017 15h59

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo prestaram depoimento nesta segunda-feira (28) no STF (Supremo Tribunal Federal) no processo em que são acusados de serem beneficiados com R$ 1 milhão no esquema de corrupção na Petrobras.

A senadora, que também é presidente do PT, afirmou que não há provas no processo contra ela e que sua campanha em 2010 não recebeu esse dinheiro. "Pedi que o Ministério Público mostre quais são as provas de que eu cometi corrupção passiva ou lavagem de dinheiro", disse.

"Estou há três anos apanhando nesse processo. Não tem uma prova nele que mostre que eu tenha cometido qualquer ilícito, qualquer crime. E estou já sendo julgada e condenada antecipadamente", afirmou Gleisi, em entrevista a jornalistas após o depoimento.

A senadora também afirmou que o processo contra ela é "politizado" e que a Procuradoria sofre influência da opinião pública. Para ela, a denúncia foi influenciada por um dos advogados do delator Alberto Youssef, que trabalhou no governo do PSDB no Paraná.

"Queria saber porque me envolveram nisso. Quem tem que dar esses esclarecimentos é Alberto Youssef e o advogado dele, que é advogado também do PSDB", disse. "Eu sou vítima de perseguição política, em razão da origem desse processo com Alberto Youssef e seu advogado."

A senadora também afirmou nunca ter tratado com o ex-diretor da Petrobras e delator Paulo Roberto Costa sobre dinheiro de campanha e disse não ter ingerência sobre a Petrobras para mantê-lo no cargo.

"Tem um alto grau de politização nesse processo", disse. "E muita influência do Judiciário, incluindo o Ministério Público, pela opinião pública, o que é um erro."

Procurado, o advogado Antonio Figueiredo Basto, responsável pela delação de Youssef na Operação Lava Jato, afirmou que não iria comentar as afirmações da senadora.

Em entrevista à "Folha de S.Paulo" em novembro de 2014, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que o advogado de Youssef seria ligado ao PSDB e estaria vazando parte do conteúdo da delação do doleiro para prejudicar adversários políticos.  

Entenda o caso

Gleisi e Paulo Bernardo foram denunciados ao STF (Supremo Tribunal Federal) sob a acusação de ter recebido R$ 1 milhão para a campanha da senadora em 2010.

De acordo com depoimento de delatores na Operação Lava Jato, o valor seria oriundo de recursos desviados de contratos da Petrobras. Ambos foram citados nas delações do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa.

A defesa de Gleisi e Bernardo sustenta que as afirmações dos delatores foram desmentidas ao longo das investigações. Para a defesa, a acusação contra o casal foi baseada somente em supostas iniciais de Paulo Bernardo encontradas em uma agenda de Costa durante as investigações.

No dia 10 de julho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também prestou depoimento no processo como testemunha de defesa. Lula negou que Gleisi e Bernardo tivessem influência na indicação para cargos na Petrobras