"O que nós falamos não é verdade", dizem delatores da JBS em pedido de desculpas
Em nota divulgada no início da noite desta terça-feira (5), os executivos do grupo JBS Joesley Batista e Ricardo Saud pediram "as mais sinceras desculpas" pelas declarações gravadas em áudio entregue à PGR (Procuradoria-Geral da República) na semana passada e revelado ontem pelo procurador-geral, Rodrigo Janot.
A gravação serviu de base para que Janot determinasse a abertura de investigação sobre omissão de informações por parte dos delatores no acordo de colaboração premiada firmado no final de março.
Assinada por Batista e Saud, a nota diz que eles não têm conhecimento de "nenhum ato ilícito cometido" pelas autoridades citadas no áudio, entre elas ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e o ex-procurador da República e ex-braço direito de Janot Marcelo Miller.
O que nós falamos não é verdade, pedimos as mais sinceras desculpas por este ato desrespeitoso e vergonhoso e reiteramos o nosso mais profundo respeito aos Ministros e Ministras do Supremo Tribunal Federal, ao Procurador-Geral da República e a todos os membros do Ministério Público
Joesley Batista e Ricardo Saud
"A todos que tomaram conhecimento da nossa conversa, por meio de áudio por nós entregue à PGR, em cumprimento ao nosso acordo de colaboração, esclarecemos que as referências feitas por nós ao Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral da República e aos Excelentíssimos Senhores e Senhoras Ministros do Supremo Tribunal Federal não guardam nenhuma conexão com a verdade", diz o comunicado.
O áudio traz conversas entre Joesley, Saud e Francisco de Assis, advogado do grupo, e gerou a abertura de investigação para apurar a omissão de informações no acordo de colaboração premiada firmado por eles.
Os diálogos levantaram a suspeita de que o ex-procurador Marcelo Miller possa ter atuado de forma irregular na negociação do acordo de colaboração premiada do grupo. Ele teria auxiliado os delatores antes mesmo de deixar o Ministério Público e migrar para um escritório de advocacia que negocia delações.
Segundo vazamentos na imprensa, os áudios também revelam menções a ministros do STF e ao ex-ministro José Eduardo Cardozo, mas não há indícios de irregularidades praticadas pelos citados.
O ministro Edson Fachin, relator da delação da JBS, retirou o sigilo dos áudios na noite desta terça, mas seu conteúdo não foi ainda divulgado na íntegra.
A delação dos empresários foi fundamental na na abertura de inquérito contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB), por suspeitas de corrupção passiva e obstrução de Justiça.
Temer foi denunciado por corrupção, mas a Câmara dos Deputados barrou o prosseguimento do processo. O presidente nega o envolvimento em qualquer crime.
O procurador-geral afirmou que uma das frentes da investigação vai apurar a participação de Marcelo Miller, ex-procurador da República e ex-braço direito do próprio Janot, nas negociações para fechar a delação da JBS.
Leia abaixo a nota de Joesley Batista e Ricardo Saud na íntegra:
"A todos que tomaram conhecimento da nossa conversa, por meio de áudio por nós entregue à PGR, em cumprimento ao nosso acordo de colaboração, esclarecemos que as referências feitas por nós ao Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral da República e aos Excelentíssimos Senhores e Senhoras Ministros do Supremo Tribunal Federal não guardam nenhuma conexão com a verdade. Não temos conhecimento de nenhum ato ilícito cometido por nenhuma dessas autoridades. O que nós falamos não é verdade, pedimos as mais sinceras desculpas por este ato desrespeitoso e vergonhoso e reiteramos o nosso mais profundo respeito aos Ministros e Ministras do Supremo Tribunal Federal, ao Procurador-Geral da República e a todos os membros do Ministério Público."
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