Na ONU, Temer ignora crise política e diz que Brasil está vivendo 'transformações decisivas'
Em discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), o presidente Michel Temer (PMDB) disse que o Brasil "atravessa momento de transformações decisivas", em referência às reformas econômicas.
Menos de uma semana depois de ter sido alvo da segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República, Temer não citou a crise política no Brasil nem as acusações que sofre de corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa. O presidente reforçou a agenda positiva do Brasil entre medidas econômicas e o apoio a tratados internacionais.
"Com reformas estruturais, estamos superando uma crise econômica sem precedentes. Estamos resgatando o equilíbrio fiscal. E, com ele, a credibilidade da economia. Voltamos a gerar empregos. Recobramos a capacidade do Estado de levar adiante políticas sociais indispensáveis em um país como o nosso. Aprendemos e estamos aplicando, na prática, esta regra elementar: sem responsabilidade fiscal, a responsabilidade social não passa de discurso vazio", disse.
Na fala de 17 minutos na tribuna da entidade internacional, o peemedebista defendeu que as crises econômicas devem ser superadas sem a adoção de medidas protecionistas.
"Não é razoável supor que ideias que no passado já se mostravam equivocadas pudessem agora render bons frutos. Nos recusamos aos nacionalismos exacerbados. Não acreditamos no protecionismo para a saída das crises econômicas, a busca do desenvolvimento desenvolvimento em todas as suas dimensões devem nortear as nossas ações coletivas", disse.
Venezuela
Em relação à Venezuela, Temer destacou a derrocada dos direitos humanos no país e disse que o Brasil está "ao lado do povo venezuelano". O presidente ressaltou que o país tem recebido "milhares de migrantes e refugiados da Venezuela".
"Na América do Sul, já não há mais espaço para alternativas à democracia. É o que afirmamos no Mercosul, é o que seguiremos defendendo", afirmou.
Na segunda (18), o agravamento da crise no país venezuelano foi o tema do jantar oferecido por Donald Trump, presidente dos EUA, a Temer e aos presidentes Juan Manuel Santos (Colômbia), Juan Carlos Varela (Panamá) e à vice-presidente da Argentina, Gabriela Michetti.
Meio ambiente
Temer ressaltou esforços do governo federal pela proteção da Amazônia, poucas semanas depois de enfrentar uma enxurrada de críticas pelo controverso decreto que extinguiu uma reserva nacional do tamanho da Dinamarca, entre o Pará e o Amapá.
O presidente brasileiro também enalteceu uma queda de mais de 20% registrada nas taxas de desmatamento da Amazônia Legal, entre agosto de 2016 e julho deste ano.
"O desmatamento é questão que nos preocupa, especialmente na Amazônia. Nessa questão temos concentrado atenção e recursos", disse Temer. "Pois trago a boa notícia de que os primeiros dados disponíveis para o último ano já indicam diminuição de mais de 20% do desmatamento naquela região. Retomamos o bom caminho e nesse caminho persistiremos", pontuou.
Durante o pronunciamento a líderes de quase 200 países, Temer reiterou o apoio brasileiro ao acordo de Paris, que visa reduzir as mudanças climáticas, e defender o "desenvolvimento sustentável" do Brasil.
Contra crime organizado
Temer também defendeu a união dos países latino-americanos no combate ao crime organizado. "Também o crime transnacional, em tantos de nossos países, solapa a segurança e a tranquilidade dos indivíduos e das famílias. Apenas de forma coordenada e articulada daremos combate eficaz ao tráfico de pessoas, de armas, de drogas, à lavagem de ativos", afirmou.
O presidente afirmou que a cooperação entre países na segurança das fronteiras é essencial para para o "enfrentamento do crime organizado".
Agenda
A abertura da Assembleia Geral da ONU pelo presidente brasileiro mantém uma tradição iniciada em 1947, durante a primeira sessão especial da Assembleia, então presidida por Oswaldo Aranha - que foi ministro de Relações Exteriores durante o primeiro governo de Getúlio Vargas.
Além da fala inaugural e dos encontros com Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, Abdel Fattah al-Sisi, presidente do Egito, Binyamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, e Hasan Rowhani, presidente do Irã, Temer assinará um tratado sobre proibição de armas nucleares, resultado de um acordo de 122 países, com forte atuação da diplomacia brasileira.
A agenda do presidente Temer inclui também um encontro com Klaus Schwab, presidente do Fórum Econômico Mundial.
Na quarta-feira, Temer fará um pronunciamento durante seminário sobre negócios no Brasil organizado pelo jornal Financial Times, encerrando a viagem oficial.
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