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Ministro do STF rejeita ação de Lula que queria anular conversas gravadas

7.out.2017 - O ex-presidente Lula participa do encontro "Mulheres do PT", em Brasília - Mateus Bonomi/Folhapress
7.out.2017 - O ex-presidente Lula participa do encontro "Mulheres do PT", em Brasília Imagem: Mateus Bonomi/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

11/10/2017 16h17Atualizada em 11/10/2017 18h29

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin rejeitou nesta quarta-feira (11) reclamação da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para anular as gravações de telefonemas entre ele e autoridades com prerrogativa de foro no Supremo. O conteúdo das conversas foi divulgado no ano passado sob a determinação do juiz federal Sergio Moro.

Fachin afirmou que a investigação não tem como alvo autoridades com foro. “A mera captação de diálogos envolvendo detentor de prerrogativa de foro não permite, por si só, o reconhecimento de usurpação da competência da Corte”, afirmou.

Segundo ele, é “indispensável, em verdade, o apontamento concreto e específico da potencial aptidão da prova de interferir na esfera jurídica do titular da referida prerrogativa”.

A defesa de Lula alegou que Moro tenha passado por cima da competência do Supremo e reclamou que o magistrado teria emitido juízo de valor sobre as conversas, além de autorizar o levantamento do sigilo das interceptações e o uso dos diálogos em inquéritos policiais.

Os advogados do ex-presidente citaram conversas dele com os então ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Nelson Barbosa (Fazenda), além de parlamentares como o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e os deputados federais Paulo Teixeira (PT-SP), José Guimarães (PT-CE) e Wadih Damous (PT-RJ).

Uma das conversas com Wagner ocorreu em 4 de março de 2016, mesmo dia em que Lula foi alvo de condução coercitiva, por ordem de Moro, para depor à Polícia Federal. No diálogo, Lula indicou que queria ajuda da então presidente Dilma Rousseff (PT) com a decisão do STF sobre com que instância ficariam as investigações sobre ele. 

No mesmo dia, a ministra do STF Rosa Weber negou o pedido da defesa de Lula para suspender as investigações contra ele realizadas tanto pelo MPF (Ministério Público Federal) quanto pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo).

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Conversa com Dilma foi anulada

Um dos diálogos gravados, mas que não faz parte deste pedido de reclamação da defesa, ocorreu em março de 2016, quando Dilma e Lula conversaram por telefone a respeito do termo de posse do ex-presidente como ministro da Casa Civil, o que daria foro privilegiado ao petista.

Segundo interpretação dos investigadores, a gravação dá a entender que o governo federal teria agido para tentar impedir uma eventual prisão do ex-presidente. Essa gravação foi interceptada pela Polícia Federal poucas horas antes de ser divulgada, às 13h42 do dia 16 de março do ano passado, uma quarta-feira. 

O UOL noticiou no próprio dia 16 que a interceptação telefônica, feita pela PF, foi realizada duas horas após Moro ter determinado a suspensão das interceptações telefônicas sobre Lula. Depois, em junho, o ministro do STF Teori Zavascki decidiu anular esta parte da interceptação

No dia 18, o ministro do STF Gilmar Mendes suspendeu a posse de Lula como ministro da Casa Civil e determinou que as investigações da Lava Jato sobre o petista ficassem sob a condução de Moro.

À época, a então presidente Dilma classificou o caso das gravações como uma "agressão à democracia".

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