Pela 1ª vez, governo influirá pouco na eleição porque já gastou verbas, diz cientista político
A capacidade tradicional de um governo trabalhar por um candidato ou por um projeto político numa eleição, com base no uso da máquina pública, terá, pela primeira vez na história do Brasil, pouca ou nenhuma influência em 2018.
É a opinião do cientista político Malco Camargos, professor da PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), após o arquivamento pela Câmara dos Deputados da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), na noite de quarta-feira (25).
Isso porque, para ele, acabou o dinheiro do governo, após as duas negociações de Temer com congressistas para se manter no cargo. Elas somaram, na conta de especialistas, R$ 32,1 bilhões.
"Temer consumiu todos os recursos que tinha para fazer sua própria sobrevivência no poder", avalia Camargos. "Esse governo será, daqui por diante, um governo ainda mais fraco, sem capacidade de injetar recursos em projetos de políticas públicas de verdade."
Por isso, diz o cientista, de forma inédita na história política brasileira, o presidente não "terá ator relevante", na figura de um candidato próprio, "nem será agente importante" no jogo político da eleição do ano que vem. Some-se à falta de recursos a baixa popularidade do presidente, com aprovação de apenas 7% da população, segundo o Datafolha.
Partidos divididos
O especialista também mostra preocupação com relação ao posicionamento dos partidos políticos. Nesta segunda denúncia, eles ficaram bem divididos em sua maioria.
O exemplo mais notório foi o do PSDB, em que 23 deputados votaram pelo prosseguimento da denúncia contra o presidente e 20 votaram pelo arquivamento (com três ausentes). O partido integra oficialmente a base do governo Temer, ocupando quatro ministérios, mas grande parte de seus quadros vem defendendo a entrega dos cargos, sobretudo a ala paulista, vinculada ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que é pré-candidato à Presidência da República.
"Quando partidos votam divididos, como o PSDB votou, impedem a reestruturação e o fortalecimento do sistema partidário e dão uma mensagem contraditória para o eleitor", sublinha Camargos.
Para o cientista, o fato de um partido mostrar coesão programática em votações serve como prévia para o eleitor, mostrando como se comportará caso chegue ao poder de fato.
A ausência de coesão e de direcionamento claro dos partidos favorece, assim, o avanço do personalismo, da projeção de figuras pouco ou nada comprometidas com programas. "Por consequência, aumenta a chance de surgirem aventureiros na política brasileira", conclui.
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