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Funaro pede detector de mentira e diz ter provas de pagamentos a Cunha

O deputado Eduardo Cunha (à esq.) e o corretor Lúcio Funaro (dir.) ficaram frente a frente em depoimento na Justiça Federal, em Brasília - Reprodução
O deputado Eduardo Cunha (à esq.) e o corretor Lúcio Funaro (dir.) ficaram frente a frente em depoimento na Justiça Federal, em Brasília Imagem: Reprodução

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

31/10/2017 14h42

Em depoimento à Justiça Federal nesta terça-feira (31), o delator Lúcio Funaro, apontado como operador do PMDB, disse ter provas dos pagamentos feitos ao ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e afirmou concordar em se submeter a um teste com detector de mentiras para comprovar suas afirmações.

"Eu tenho como provar como gerei o dinheiro, como paguei, que eu paguei o advogado dele [Cunha] na Suíça, tenho todas essas provas. Aí eu quero ver como ele vai negar", disse Funaro.

“Parece que toda vez que termina a audiência, o deputado Eduardo Cunha diz que eu sou mentiroso. Estou à disposição para fazer teste de polígrafo [detector de mentiras] com o deputado Eduardo Cunha para acabar com essa história de que eu sou mentiroso”, afirmou o delator.

Funaro prestou depoimento na 10ª Vara Federal de Brasília. O delator é réu no processo em que Cunha e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) são acusados de participar de um esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal para liberação de recursos do FI-FGTS, fundo de investimento da estatal.

Também presente ao depoimento, Cunha voltou a afirmar, ao deixar a sala de audiências, que Funaro mente.

“Nada diferente do que já foi falado. Ele vai tem que sustentar a mentira dele”, disse o ex-deputado.

Funaro também afirmou que Cunha teria alugado um apartamento ao lado do escritório dele em São Paulo, para buscar e distribuir dinheiro de propina. Funaro atuava como corretor de valores.

"O deputado Eduardo Cunha alugou um flat na mesma rua que a minha para pegar dinheiro no meu escritório, levar para o flat e lá distribuir dinheiro de propina", disse.

"Vamos fazer um requerimento para o flat da entrada, de quem entrou no flat. E vamos fazer essas contas. Vamos ver quanto eu paguei de carro para ele, vamos ver quanto eu paguei de despesa dele [inaudível], é só fazer as contas, dois mais dois dá quatro, não dá cinco", afirmou o delator.

O depoimento de Funaro começou na última sexta-feira (27) e foi retomado esta terça-feira.

Funaro diz que campanha de Temer recebeu dinheiro de propina

Também na audiência desta terça-feira, Funaro afirmou que o presidente Michel Temer (PMDB) recebeu dinheiro com origem no esquema de propina na Caixa Econômica e no FI-FGTS (fundo de investimentos) para campanha de 2010, quando ele foi candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff (PT).

Os pagamentos, segundo Funaro, tinham como contexto a aprovação de um financiamento do FI-FGTS para o grupo Bertin, e seriam utilizados em campanhas políticas do PMDB e do PT em 2010.

O delator afirmou que o valor do repasse foi negociado numa reunião que teve a participação de sócios do grupo Bertin, o ex-deputado e presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-deputado Cândido Vaccarezza (sem partido), à época uma das lideranças do PT.

"Se não me engano, Eduardo Cunha [ex-deputado federal e presidente da Câmara] ficou com um milhão [de reais]", disse. "Dois milhões, dois milhões e meio [de reais] foram destinados ao presidente Michel Temer, e um valor acho que um milhão, um milhão e meio [de reais], ao deputado Cândido Vaccarezza [ex-deputado federal pelo PT]", disse Funaro.

"O do Temer acho que foi doação oficial para o PMDB nacional", disse o delator.

Em nota, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República afirmou que Temer "contesta de forma categórica qualquer envolvimento de seu nome em negócios escusos, ainda mais partindo de um delator que já mentiu outras vezes à Justiça".

A Presidência também comentou as doações do PMDB recebidas naquele ano e afirmou que as contribuições não têm relação com a financiamentos do FI FGTS. "Em 2010, o PMDB recebeu R$ 1,5 milhão em três parcelas de R$ 500 mil como doação oficial à campanha, declarados na prestação de contas do Diretório Nacional do partido entregue ao TSE. Os valores não têm relação com financiamento do FI FGTS", diz a nota.

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