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PT já articula atos em Porto Alegre para julgamento de Lula

Lula participou de reunião das bancadas do partido na Câmara e no Senado  - Gustavo Bezerra/PT na Câmara
Lula participou de reunião das bancadas do partido na Câmara e no Senado Imagem: Gustavo Bezerra/PT na Câmara

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

13/12/2017 13h02

Lideranças do PT estão convocando militantes para irem a Porto Alegre em 24 de janeiro em função do julgamento da apelação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra sentença do juiz federal Sergio Moro, que o condenou a nove anos e seis meses de prisão no processo do tríplex.

Na terça-feira (12), o desembargador Leandro Paulsen, integrante da Oitava Turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) --que julga os processos da Operação Lava Jato em segunda instância--, marcou a data do julgamento da apelação. O TRF-4 é sediado em Porto Alegre.

Atual líder do PT na Câmara, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) avisou os presentes na reunião das bancadas do PT no Congresso para se programarem para ir à capital gaúcha no final do mês que vem. "Dia 24 de janeiro, vamos para Porto Alegre também. Todos lá em Porto Alegre".

A convocação foi feita no evento em que o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) foi anunciado como novo líder do partido a partir de 2018. Para Zarattini, “eleição sem Lula é fraude”. “E condenação sem prova é fraude também”

“Nós temos que ir para Porto Alegre mostrar que não aceitamos essa condenação”, disse o deputado federal José Guimarães (PT-CE) também no evento.

Ações de militantes foram comuns nos dois interrogatórios na Justiça Federal em Curitiba, que aconteceram em maio e setembro. Nessas oportunidades, Lula discursou em praça pública após prestar esclarecimentos a Moro.

Quero ser inocentado para poder ser candidato, diz Lula

UOL Notícias

"Ação jurídica"

Também presente no evento, Lula afirmou ver com muita tristeza o funcionamento do judiciário. "Isso me fez concluir que havia uma ação política muito mais forte do que uma ação jurídica".

Lula se diz alvo de perseguição política porque acredita que nem a força-tarefa da Operação Lava Jato no MPF (Ministério Público Federal) no Paraná tinha elementos para denunciá-lo nem o juiz federal Sergio Moro tinha provas para condená-lo a nove anos e seis meses de prisão. “Eu ficava na expectativa de o juiz falasse que isso aqui é uma blasfêmia”.

Líder em todas as pesquisas de intenção de voto sobre a disputa pelo Planalto em 2018, Lula pode cair na “Lei da Ficha Limpa” caso o TRF-4 confirme a condenação de Moro. Recursos, porém, podem garantir a presença do petista no pleito.

Para o petista, seria “leviandade” ele querer disputar a eleição por causa dos processos em que é réu. “Não quero ser candidato por ser candidato. Eu não quero ser candidato se eu for culpado. Seria leviandade da minha estar brigando para ser candidato para ocultar minha culpabilidade. Eu quero brigar para provar minha inocência”, declarou.

Eu quero ser inocentado para poder ser candidato

Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República

Em seu discurso, o petista disse acreditar que “todo santo dia estão tentando destruir nossa candidatura [do PT, não dele]”. “Só tem um jeito: é reagir. Quem achar de nós que vai sobreviver ficando quieto, pode ficar quieto que não vai sobreviver”.

Sobre a reclamação feita por seus advogados em relação à velocidade do processo no TRF-4, Lula disse que passou a vida inteira criticando a morosidade da Justiça. “Agora eu não vou criticar”, afirmou. “Eu marcaria a data para depois das eleições”, brincou. “Eles façam o que eles quiserem”.

Petista saem em defesa de Lula

Integrantes do PT presentes na reunião desta quarta-feira criticaram o TRF-4. Para Paulo Pimenta, futuro líder do PT na Câmara, o julgamento ter sido marcado para 24 de janeiro foi uma desfaçatez, “dia que completo um ano que a [ex-primeira-dama] Marisa [Letícia] teve um AVC”. A mulher do ex-presidente morreu em fevereiro deste ano.

“Desfaçatez também ter marcado numa data em que o STF [Supremo Tribunal Federal] e o STJ [Superior Tribunal de Justiça] não vão estar em funcionamento”. O recesso das instâncias superiores termina em fevereiro.

O líder do PT no Senado, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), voltou a dizer que “não há plano B” caso Lula não possa disputar a eleição.

Para a presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o julgamento de Lula no TRF-4 é a “terceira fase do golpe”, sendo as duas primeiras, na visão dela, o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e as reformas do atual governo, de Michel Temer (PMDB). “[A terceira fase] foi descortinada ontem”.

“O problema é inverter a ordem cronológica dos processos. Lula vê seus processo serem tratados com maior agilidade. Mas e o dos demais [réus] que estão esperando seus processos serem julgados? Por que inverter essa ordem cronológica?”, questionou.

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