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Aprovação ao governo Temer oscila de 3% para 6%, indica Ibope

19.dez.2017 - O presidente Michel Temer participa de evento no Palácio do Planalto - Fátima Meira/Futura Press/Folhapress
19.dez.2017 - O presidente Michel Temer participa de evento no Palácio do Planalto Imagem: Fátima Meira/Futura Press/Folhapress

Gustavo Maia e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

20/12/2017 10h07Atualizada em 20/12/2017 14h37

Pesquisa Ibope encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e divulgada nesta quarta-feira (20) mostra que o percentual de brasileiros que avaliam o governo do presidente Michel Temer (PMDB) como ruim ou péssimo é de 74%.

No último levantamento, divulgado em setembro, esse percentual foi de 77%, quando o índice atingiu o pior resultado desde o fim da ditadura.

Ainda de acordo com a pesquisa divulgada hoje, 6% avaliam o governo Temer como ótimo ou bom. Há três meses, esse percentual era de 3%. Outros 19% consideram o governo regular, ante 16% na pesquisa de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

O percentual dos entrevistados que disseram não saber avaliar o governo ou não quiseram responder foi de 2%.

A mudança no foco da campanha publicitária do governo federal sobre a reforma da Previdência foi um dos fatores que contribuíram para a "leve melhora" na aprovação da gestão do presidente.

A opinião é do gerente executivo de pesquisa e competitividade da CNI, Renato da Fonseca, que destacou a percepção dos entrevistados do noticiário sobre o governo como justificativa para a oscilação na avaliação positiva.

Fonseca apontou a percepção dos entrevistados do noticiário sobre o governo como um dos fatores que podem explicar a oscilação na avaliação positiva da gestão de Temer. Entre setembro e dezembro, o percentual da população que considera as notícias "mais desfavoráveis" caiu de 68% para 56%.

No levantamento anterior, por exemplo, 23% dos consultados mencionaram notícias sobre corrupção no governo, sem especificá-las. Em dezembro, esse índice caiu para 12%. A reforma da Previdência, lembrada por 2% em setembro, passou a ser citada por 19% dos entrevistados no atual levantamento.

O gerente executivo da CNI apontou mudanças na campanha publicitária do governo sobre a proposta de alteração no sistema previdenciário como provável fato de melhora nos índices positivos. "Provavelmente todo o debate da reforma, com essa mudança de campanha do governo, mostrando que não tem mudança nas pessoas que já estão próximas de se aposentar, podem ter também afetado essa avaliação", opinou Fonseca.

Melhora nos índices de confiança do presidente

A pesquisa indicou ainda uma melhora na confiança no presidente, de 6%, em setembro, para 9%, em dezembro. Dentro da margem de erro, a aprovação da maneira de governar de Temer se alterou de 7% para 9%.

Já a taxa percentual dos que não confiam no presidente, que era de 92% na última pesquisa, agora é de 90% --2% não sabem ou não responderam.

O Ibope ouviu 2.000 pessoas em 127 municípios de 7 a 10 de dezembro. O nível de confiança da pesquisa é de 95%.

Esta foi a primeira pesquisa realizada pelo Ibope depois que a Câmara dos Deputados rejeitou a segunda denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o presidente.

Governo Temer é pior que governo Dilma, diz pesquisa

O levantamento apontou que 59% acham o governo Temer pior que o governo Dilma, mesmo percentual da pesquisa de setembro. Outros 30% avaliam os dois governos como iguais, ante 31% da consulta anterior do Ibope.

Os que acham a atual gestão melhor que a de três meses atrás passou de 8% para 10%, flutuando dentro da margem de erro. Outros 2% não sabem ou não responderam.

Reprovação de Temer é maior entre mulheres  

Ainda de acordo com a pesquisa, o governo Temer tem reprovação maior entre mulheres do que entre os homens. Entre os entrevistados do sexo masculino, 69% consideram a gestão do peemedebista ruim ou péssima. Já entre as consultadas, esse índice foi de 76%.

Para 22% dos homens ouvidos pelo Ibope, o governo é regular --para as mulheres, 16%.

Perspectiva sobre restante do governo

Questionados sobre as perspectivas com relação ao restante do governo Temer, a pesquisa aponta que o pessimismo (quem acredita que será ruim ou péssimo) atinge 69% dos entrevistados --três pontos percentuais a menos que na consulta de setembro.

O índice de quem acha que os últimos doze meses da gestão será regular é de 20%. No levantamento anterior, esse índice era de 17%. Já a taxa de ótimo e bom oscilou entre 6% e 7% --tendo a taxa dos que não responderam ou não sabem se mantido em 5% nas duas pesquisas.

Planalto avalia pesquisa como positiva

Na avaliação de assessores do Palácio do Planalto, o resultado foi positivo ainda que fraco em termos estatísticos. Segundo um interlocutor, a melhora na aprovação de Temer demonstra sinais de que a população começa a entender o propósito das ações do governo em recuperar a economia, embora estas sejam consideradas impopulares.

“O governo sabe que não é nada [relevante estatisticamente], mas é um sinal de que parte da sociedade já enxerga as ações tomadas com melhores olhos. Pode até continuar a não apoiar o governo, mas está vendo que há mudanças. Está saindo do estacionamento”, ponderou.

“É uma sinalização para outros setores da população que pode ajudar a melhorar depois a aprovação junto a outras faixas [etárias, de renda, por exemplo] e, especialmente, para o mercado financeiro”, disse.

A expectativa do Planalto é que o resultado ajude a alavancar a força moral e de dissuasão do governo em tentar aprovar a reforma da Previdência até o primeiro semestre de 2018 – a previsão é que a matéria seja posta no plenário da Câmara dos Deputados em 19 de fevereiro.

De acordo com o assessor, se mantido, o resultado também pode ajudar a impulsionar a candidatura do eventual nome a suceder a Temer ideologicamente. No momento, o mais próximo ao perfil buscado é o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD). No entanto, Meirelles enfrenta o desafio de se fazer conhecido perante as classes menos favorecidas e há integrantes do partido que avaliam não ser suficiente apenas o espaço eleitoral na televisão a poucos meses da eleição.

“É bom terminar o ano e ir para o recesso com essa notícia. Dá um ânimo também às pessoas aqui no Planalto e ao próprio presidente. Dá um gás a mais nos trabalhos”, avaliou outro interlocutor.