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Temer determina afastamento de vice-presidentes da Caixa

Gilberto Occhi (esq.) ao tomar posse no cargo de Presidente da Caixa Econômica Federal ao lado do ministro Henrique Meirelles - Beto Barata 1.jun.2016 -/PR
Gilberto Occhi (esq.) ao tomar posse no cargo de Presidente da Caixa Econômica Federal ao lado do ministro Henrique Meirelles Imagem: Beto Barata 1.jun.2016 -/PR

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

16/01/2018 17h44Atualizada em 16/01/2018 19h45

O presidente Michel Temer (PMDB) determinou nesta terça-feira (16) o afastamento de quatro dos 12 vice-presidentes da Caixa Econômica Federal por 15 dias, informou o Palácio do Planalto em nota.

São eles Antônio Carlos Ferreira (Corporativo), Deusdina dos Reis Pereira (Fundos de Governo e Loterias), Roberto Derziê (Governo) e José Henrique Marques da Cruz (Clientes, Negócios e Transformação Digital).

Nesta segunda, o Banco Central sugeriu que os vice-presidentes fossem afastados das funções após investigações tanto da própria Caixa quanto do Ministério Público Federal apontarem suspeitas de terem praticado irregularidades. Os nomes de alguns apareceram em operações da Polícia Federal como a Sépsis, Patmos e Cui Bono?.

O prazo de 15 dias será dado para que apresentem “ampla defesa das acusações”, segundo texto divulgado pelo Planalto. A ordem foi dada por Temer ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e ao presidente da Caixa, Gilberto Occhi. Este também é investigado, mas não será afastado do cargo.

Outro pedido de afastamento, mas que englobava todos os 12 vice-presidentes, havia sido feito pela Procuradoria da República no Distrito Federal em dezembro do ano passado, mas não foi atendido. Em 8 de janeiro, o Planalto informou que o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, não teria competência para analisar o tema e que o ato caberia ao Ministério da Fazenda.

A Procuradoria também pediu que o banco crie uma nova maneira de selecionar funcionários do alto escalão para “maior independência e transparência” e melhore a documentação de atos, entre outros pontos.

A Caixa tem em cargos de confiança pessoas indicadas por partidos políticos e que ajudam a manter a base aliada de Michel Temer no Congresso Nacional, como PP – sigla de Occhi –, PMDB e PR.

Um ex-vice-presidente da Caixa foi o ex-ministro da Secretaria de Governo de Temer, Geddel Vieira Lima, preso em setembro do ano passado após a descoberta de apartamento em Salvador (BA) onde guardava malas com mais de R$ 50 milhões, segundo a Polícia Federal. A prisão aconteceu em uma fase da operação Cui Bono? que apura supostos esquemas de corrupção em vice-presidências da Caixa entre 2011 e 2013.

Há suspeitas de que parte do dinheiro encontrado no apartamento esteja relacionada a pagamentos de propina para a liberação de financiamentos e empréstimos pelo banco.

O atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, também foi vice-presidente da Caixa no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O vice-presidente afastado Antônio Carlos Ferreira tem a conduta investigada no Conselho de Ética da Presidência após ser citado na delação premiada do dono do frigorífico JBS, Joesley Batista, como intermediador de propina para o ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira – presidente nacional do PRB. O processo está em análise no colegiado. Ambos os envolvidos negam quaisquer irregularidades.

Outro lado

Procurada pelo UOL, a Caixa informou “que irá cumprir as determinações da Presidência da República”. O banco, no entanto, não se manifestou sobre o questionamento da reportagem acerca da permanência de Occhi no cargo, uma vez que ele também foi citado em delações premiadas e é investigado. 

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que a decisão final sobre um possível afastamento definitivo será tomada pelo Conselho da Caixa. Segundo ele, o afastamento por 15 dias atende plenamente ao pedido do Banco Central. Sobre o fato de não terem afastado todos os vice-presidentes conforme recomendou o Ministério Público, Meirelles respondeu que os vices envolvidos nos supostos esquemas de corrupção foram licenciados.

“Isso é um processo normal. Agora, vamos levar em consideração que essas medidas do presidente estão atendendo a uma recomendação e a uma medida, digamos, em caráter de urgência”, falou, ao ressaltar que o Conselho assumirá “total controle” sobre a nomeação e exoneração de vice-presidentes e outros executivos após aprovação de novo estatuto interno.