Dirceu indica que Duque foi escolhido para Petrobras para evitar nomes da gestão de FHC
O ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu (PT) indicou que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque foi escolhido para o cargo em função de os outros postulantes à função terem feito parte da administração da estatal no governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Duque esteve na diretoria da estatal entre 2003 e 2012.
Em depoimento ao juiz federal Sergio Moro nesta segunda-feira (5), Dirceu apontou que a decisão foi tomada em uma reunião sobre a direção da Petrobras, da qual participou, junto com a então ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff (PT) e Luiz Gushiken (PT), ministro-chefe da Secretaria de Comunicação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).“E o nome de Renato Duque aparecia.”
Outros dois nomes citados eram “integrantes da administração anterior, de Fernando Henrique Cardoso [PSDB]”, de acordo com o relato de Dirceu. “E houve uma consulta à Casa Civil sobre essa questão. Do ponto de vista político, não havia por que manter dois nomes da administração anterior se nós estávamos mudando a orientação da empresa”, comentou. “Nesse sentido, se optou pela indicação de Renato Duque”.
Sobre a engrenagem para distribuição de cargos nos governos petistas, Dirceu, que já foi condenado em dois processos por Moro e é réu em um terceiro na Justiça Federal no Paraná, disse que, em um sistema de coalizão, “os partidos que apoiaram o governo no primeiro turno têm um papel relevante” nas indicações.
“Os que apoiaram depois têm um papel também. E, a partir dessas indicações, foi composto o ministério.” De acordo com o ex-ministro, as indicações eram avaliadas ainda por órgãos do governo, como o GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
À Lava Jato, Duque já disse ter sido indicado para a diretoria da Petrobras pelo PT. O ex-ministro diz que só o conheceu após a indicação, mas disse que ela não dependeu “nem do PT nem da Casa Civil”.
Dirceu prestou depoimento como testemunha de defesa do ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira. Ao lado de Duque, Pereira é réu em um processo na Operação Lava Jato acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele teria ajudado uma empresa a ganhar um contrato, de R$ 400 milhões, com a Petrobras para o fornecimento de materiais e serviços nas obras da Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas, no Espírito Santo. Pereira teria ganhado um carro de luxo em troca.
Decisão é do presidente
Sobre as indicações, o ex-ministro apontou que elas são de responsabilidade do Planalto, mas salientou que os nomes são apontados por partidos e políticos. “Os ministros tinham ampla liberdade para indicar o primeiro, o segundo escalão. Não é só uma indicação dos partidos. A decisão final, sim, era do presidente”, disse a Moro.
Segundo o ex-ministro, nas indicações para postos na administração federal, a Casa Civil “tinha o papel de coordenar”. “Fazer toda checagem sobre o aspecto legal, ético, profissional e também programática do candidato para os conselhos administrativos das empresas estatais, para os ministros depois de passar pelo presidente da República”.
Também nesta segunda-feira foi ouvido o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, que negou relações com Silvio Pereira.
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