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Após prisão de amigos, Temer diz que "gestos irresponsáveis" desestabilizam o país

2.abr.2018 - Presidente Michel Temer (MDB) participa do Fórum Econômico Brasil-Países Árabes em São Paulo - NILTON FUKUDA/ESTADÃO CONTEÚDO
2.abr.2018 - Presidente Michel Temer (MDB) participa do Fórum Econômico Brasil-Países Árabes em São Paulo Imagem: NILTON FUKUDA/ESTADÃO CONTEÚDO

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

02/04/2018 17h30Atualizada em 02/04/2018 17h39

Em discurso a comerciantes brasileiros e árabes, em São Paulo, o presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta segunda-feira (2) que seu governo sofreu "embaraços e oposições" e criticou quem, segundo ele, se dispôs a "desestabilizar o país com gestos extremamente irresponsáveis".

A declaração ocorre quatro dias depois das prisões de dois amigos próximos do presidente, realizadas na última quinta-feira (29) no âmbito do inquérito no qual também é investigado. Os episódios não foram citados por Temer.

"Nesses dois anos de governo, não foram poucos os embaraços e oposições que nós sofremos. Até gente disposta a desestabilizar o país com gestos extremamente irresponsáveis, que têm naturalmente repercussão internacional", declarou o presidente, durante o Fórum Econômico Brasil-Países Árabes.

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Temer disse ainda que "as pessoas que agem dessa maneira não se apercebem, ou seja, não sentem a brasilidade no seu coração porque sabem que gestos desta natureza comprometem e criam problemas nos aspectos internacionais".

"Mas apesar de tudo isso [...] nós vencemos todas as dificuldades, não só de ordem econômica, como outras tantas, e chegamos onde estamos", acrescentou.

Em defesa do próprio governo, ele disse ter implementado "com coragem e responsabilidade" uma agenda de reformas "que recolocou o país nos trilhos". Antes de Temer, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, discursou por cerca de 20 minutos.

Prisões de amigos e aliados

As prisões foram solicitadas pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e autorizadas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso. Também a pedido da PGR, o ministro revogou na noite de sábado (31) as prisões temporárias de todos os alvos da Operação Skala.

As prisões eram temporárias e expirariam nesta próxima segunda. Com a decisão de Barroso, os investigados puderam passar o domingo de Páscoa em casa.

O amigo e ex-assessor de Temer José Yunes, o ex-ministro Wagner Rossi (Agricultura), o dono da empresa portuária Rodrimar, Antônio Celso Grecco, e o coronel da reserva da PM de São Paulo João Baptista Lima Filho, também amigo de Temer, estavam entre os detidos na manhã de quinta pela Polícia Federal.

Em nota oficial divulgada na sexta (30), a Secretaria de Comunicação Social da Presidência criticou a Operação Skalae disse que há uma tentativa de "destruir a reputação do presidente Michel Temer".

"Tentam mais uma vez destruir a reputação do presidente Michel Temer. Usam métodos totalitários, com cerceamento dos direitos mais básicos para obter, forçadamente, testemunhos que possam ser usados em peças de acusação", diz o texto.

Denúncias em 2017

No ano passado, o presidente foi alvo de duas denúncias oferecidas pelo então procurador-geral Rodrigo Janot, pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução à Justiça. Ambas foram baseadas nas delações de executivos do grupo J&F. Temer nega os crimes.

Em duas votações, realizadas em agosto e outubro de 2017, o plenário da Câmara dos Deputados decidiu suspender os efeitos da denúncia até o fim do mandato de Temer.