Após revogação de prisões, amigos de Temer deixam PF em São Paulo
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso revogou na noite de sábado (31) as prisões temporárias dos alvos da Operação Skala e determinou a imediata soltura dos presos. Todos os nove presos da operação em São Paulo deixaram as superintendências da Polícia Federal na noite de sábado. Uma detida pela PF no Rio também foi liberada.
As prisões eram temporárias e expirariam na próxima segunda-feira (02). Com a decisão de Barroso, os investigados poderão passar o domingo de Páscoa em casa.
O amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer (MDB) José Yunes, o ex-ministro Wagner Rossi (Agricultura), o dono da empresa portuária Rodrimar, Antônio Celso Grecco, e o coronel da reserva da PM de São Paulo João Baptista Lima Filho, também amigo de Temer, estavam entre os detidos na manhã de quinta pela Polícia Federal.
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A Operação Skala investiga as suspeitas de que Temer tenha recebido vantagens indevidas em troca de favorecer empresas do setor portuário. O inquérito foi aberto em setembro de 2017. Ao tomar a decisão, Barroso acolheu o pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que havia solicitado a revogação das prisões na tarde de sábado. Segundo Dodge, as medidas cumpriram o objetivo legal. A PGR destacou que, quinta-feira (29), foram feitas as medidas de busca e apreensão de prisões autorizadas pelo relator do inquérito, com exceção de três pessoas que não tiveram os mandados de prisão executados por estarem no exterior, "mas dispostos a se apresentarem à autoridade policial tão logo retornem”.
Os detidos prestaram depoimentos nesta sexta e sábado na sede da PF em São Paulo. O coronel Lima, um dos amigos de Temer, no entanto, não falou com os investigadores, alegando não ter "condições físicas ou psicológicas" – ele saiu de ambulância de seu apartamento ao ser preso e chegou a ser internado. A data do depoimento dele ainda não foi marcada. A decisão de Barroso vale mesmo para aqueles que não prestaram depoimento, incluindo o coronel Lima.
Celina Torrealba, uma das donas do Grupo Libra, que atua no setor de portos, que havia sido detida no Leblon, zona sul do Rio, foi liberada na madrugada de domingo, após também prestar depoimento, segundo a PF.
Como justificativa para o pedido de revogar as prisões, a procuradora-geral explica que as medidas já cumpriram seu objetivo. A PGR diz que, na quinta, foram cumpridas as medidas de busca e apreensão de prisões, com exceção de três pessoas que não tiveram os mandados de prisão executados por estarem no exterior, “mas dispostos a se apresentarem à autoridade policial tão logo retornem”.
"Tendo as medidas de natureza cautelar alcançado sua finalidade, não subsiste fundamento legal para a manutenção das medidas, impondo-se o acolhimento da manifestação da Procuradoria-Geral da República", diz a decisão de Barroso.
Segundo a PGR, os procuradores que atuam na Secretaria da Função Penal Originária no STF acompanharam os depoimentos das pessoas que foram alvo da operação.
Esquema de portos funcionaria há 20 anos
Segundo despacho de Barroso, relator do inquérito, há suspeitas de que o esquema do qual Temer se beneficiaria estaria em funcionamento há pelo menos 20 anos.
A expectativa é que uma terceira denúncia contra o presidente Temer possa ser apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República). Temer já foi alvo de outras duas denúncias, ambas com andamento suspenso por decisão da Câmara dos Deputados.
Na última quinta-feira, ministros e assessores próximos saíram em defesa de Temer. O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, voltou a dizer que a MP (medida provisória) dos Portos não beneficiaria a Rodrimar, uma das empresas cuja ligação com Temer é investigada.
Na sexta-feira, em nota, o Palácio do Planalto rechaçou as acusações, classificadas como "farsa". "Tentam mais uma vez destruir a reputação do presidente Michel Temer. Usam métodos totalitários, com cerceamento dos direitos mais básicos para obter, forçadamente, testemunhos que possam ser usados em peças de acusação. Repetem o enredo de 2017, quando ofereceram os maiores benefícios aos irmãos Batista para criar falsa acusação que envolvesse o presidente. Não conseguiram e repetem a trama, que, no passado, pareceu tragédia, agora soa a farsa”, diz a nota.
Os demais envolvidos negam as acusações.
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