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PT faz campanha para que Lula receba cartas na PF, mas nem tudo pode ser entregue

10.abr.2018 - Veículo dos Correios chega à sede da PF em Curitiba - Cassiano Rosário/Futura Press/Estadão Conteúdo
10.abr.2018 - Veículo dos Correios chega à sede da PF em Curitiba Imagem: Cassiano Rosário/Futura Press/Estadão Conteúdo

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

17/04/2018 04h00

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está preso desde o dia 7 de abril na sede da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba. O endereço da PF tem sido divulgado por lideranças do PT para que apoiadores enviem cartas e presentes ao ex-presidente. Lula está sozinho em uma sala de 15m² com cama, banheiro e uma mesa, no quarto andar da PF em Curitiba, diferente dos demais presos que cumprem pena ou estão presos preventivamente na carceragem.

“O juiz Sérgio Moro, os procuradores da Operação Lava-Jato e os policiais federais de Curitiba pensaram que seriam os carcereiros de Lula, mas na verdade vão ser os carteiros do povo brasileiro para o maior símbolo da luta popular que já existiu no Brasil”, disse boletim divulgado pelo “Comitê Popular em Defensa de Lula e da Democracia” dois dias após a prisão do ex-presidente.

Passada mais de uma semana da prisão do petista, a Polícia Federal disse ao UOL que não informará o volume de cartas que chegam à sede tendo Lula como destinatário. Apesar de estar em uma sala especial, "em razão da dignidade do cargo ocupado", como foi justificado pelo juiz federal Sergio Moro no mandado de prisão do petista, valem para ele as mesmas regras dos demais presos para receber cartas e outras correspondências.

Os carteiros passam todos os dias no número 210 da rua Professora Sandália Monzon, no bairro de Santa Cândida, em Curitiba, para entregar correspondências endereçadas aos presos, segundo explicou a PF à reportagem.

Carteiro  - Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Estadão Conteúdo - Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Estadão Conteúdo
10.abr.2018 - Carteiro chega à sede da Polícia federal em Curitiba
Imagem: Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Estadão Conteúdo

Antes de chegar às mãos de Lula, no entanto, as entregas passam pelo setor de custódia da PF, que verifica se os objetos obedecem aos critérios de segurança necessários para evitar riscos ao preso. A PF não especificou de que maneira é feita essa análise. 

De acordo com a Polícia, cartas, livros, roupas são entregues a Lula. Se alguém tricotar uma manta para que ele não sinta frio, por exemplo, e quiser mandar para a sede da PF, ela deverá chegar ao ex-presidente. 

Correspondências entregues aos cuidados do PT também chegam ao ex-presidente. No Diretório Nacional do partido, na Sé, em São Paulo, há uma caixa onde é possível deixar cartas endereçadas a ele.

O PT em Curitiba também disponibilizou endereço para mediar a entrega. Ainda é possível deixar cartas e presentes para Lula no acampamento instalado do lado de fora da Superintendência da PF em Curitiba desde a prisão do petista. As cartas enviadas ao diretório do PT no Paraná ou deixadas no acampamento são entregues ao ex-presidente por meio de seus advogados.

Questionado pela reportagem sobre quantas cartas foram entregues por meio do partido, o PT respondeu que ainda não fez esse levantamento.

O que não dá para mandar?

Segundo a Polícia Federal, não são liberados pela custódia objetos que possam causar ferimentos e coloquem em risco a própria vida do ex-presidente. A PF salientou ainda que uma das primeiras medidas adotadas quando uma pessoa é presa é tirar dela acessórios como cinto e cadarços, justamente por esse motivo.

Desta maneira, sapatos com cadarço e porta-retratos ou objetos com vidro ou acrílico, entre outros itens, são proibidos. Essas regras também valem para quem está autorizado a fazer visitas a Lula – ou seja, advogados e familiares.

Quanto a alimentos, não é possível enviar produtos comestíveis pelos Correios. Porém, visitas podem levar frutas, biscoitos, chocolate e outros itens ao ex-presidente ou a qualquer outro custodiado.

Lula está preso para cumprir a pena de 12 anos e um mês de prisão pelo caso do tríplex do Guarujá. Ele foi condenado em primeira e segunda instâncias pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A defesa nega todas as acusações.