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Moro vê 'pertinência' em mensagem de Odebrecht sobre terreno supostamente para Lula

Moro comanda o processo sobre terreno e apartamento na Justiça Federal - Eneas Gomez - 21.nov.2017/Divulgação/ANPM
Moro comanda o processo sobre terreno e apartamento na Justiça Federal Imagem: Eneas Gomez - 21.nov.2017/Divulgação/ANPM

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

06/07/2018 10h18

O juiz federal Sergio Moro considerou pertinente a mensagem anexada pela defesa do engenheiro Glaucos da Costamarques no processo sobre um terreno que supostamente seria para o Instituto Lula e o apartamento vizinho ao em que vivia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em São Bernardo do Campo (SP). O terreno e o imóvel seriam vantagem indevidas pagas pela Odebrecht relacionadas a oito contratos entre a empreiteira e a Petrobras.

Glaucos indicou uma das mensagens apresentadas pelo ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, aos investigadores e à Justiça. Marcelo, que também é réu no processo, havia encontrado em seus arquivos centenas de mensagens que teriam relação com processos da Operação Lava Jato.

Na mensagem escolhida por Glaucos, Odebrecht teria garantido "sigilo total" ao dono de uma construtora suspeita de atuar como laranja na compra do terreno. O instituto nunca ocupou o local, que fica na zona sul de São Paulo.

O juiz pediu, então, que a Polícia Federal junte a cópia das mensagens e dos arquivos ao processo. “Examinando a reprodução das mensagens e arquivo constante na petição, verifica-se aparente pertinência”, escreveu Moro em despacho na quinta-feira (5).

Em junho, Moro havia dado cerca de duas semanas para que as defesas de Lula e Glaucos indicassem mensagens de Odebrecht que fossem anexadas ao processo. O prazo se encerrava na última terça-feira (3). Os defensores de Glaucos fizeram isso às 23h43, minutos antes do limite. Já os advogados de Lula não se manifestaram no período.

Mensagens

A defesa de Glaucos apontou mensagens entre Marcelo e Demerval Gusmão, dono da construtora DAG. "Prédio: Sigilo total. Fora as pessoas da OR envolvidas, ninguém mesmo da casa sabe", escreveu Marcelo em 22 de setembro de 2010 a Gusmão. OR é a sigla da Odebrecht Realizações Imobiliárias. Em e-mails de Marcelo Odebrecht, a compra do terreno era tratada como "prédio institucional" ou "prédio instituto".

No dia seguinte, Gusmão enviou um e-mail ao empreiteiro dizendo estar "bem atento" para sua segurança. "Realmente tem muito curioso na casa... Tudo deu certo e com o máximo de segurança muito devido ao Paulo -- fiquei sempre confortável", escreveu.

À Justiça, Gusmão confirmou que comprou o terreno em 2010 a pedido da Odebrecht, mas que só depois ouviu de Marcelo que o imóvel seria destinado ao Instituto Lula.

"Paulo" seria Paulo Melo, executivo da OR e também réu no processo. Em seu interrogatório, Melo disse não ter conhecimento de que a compra do terreno serviria como vantagem indevida e afirmou que a transação "seria a forma mais estúpida para se pagar uma propina".

A defesa do ex-presidente nega que ele tenha recebido qualquer recurso ilícito e que ele tenha pedido ou recebido qualquer imóvel para o Instituto Lula.

Também respondem ao processo o ex-ministro Antonio Palocci, Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci, e o advogado Roberto Teixeira, amigo de Lula.

O processo é o mais próximo de chegar à sentença entre os dois que correm com Moro. O outro, do sítio de Atibaia, ainda está na etapa de testemunhos.

Lula já foi condenado pelo juiz no processo do tríplex e, atualmente, cumpre sua pena na Superintendência da PF em Curitiba.

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