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Haddad e mais 5 viram réus por corrupção e lavagem de dinheiro

28.out.2018 - O candidato à Presidência da República Fernando Haddad (PT) chega ao Hotel Pestana ao lado da esposa, Ana Estela Haddad, para café da manhã e entrevista coletiva - Ricardo Matsukawa/UOL
28.out.2018 - O candidato à Presidência da República Fernando Haddad (PT) chega ao Hotel Pestana ao lado da esposa, Ana Estela Haddad, para café da manhã e entrevista coletiva Imagem: Ricardo Matsukawa/UOL

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

19/11/2018 17h47Atualizada em 28/11/2019 13h32

A notícia é de novembro de 2018. Em 27 de fevereiro de 2019, o Tribunal de Justiça de São Paulo arquivou o processo por essas acusações contra o ex-prefeito

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), que ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais deste ano, virou réu nesta segunda-feira (19) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Justiça Estadual de São Paulo.

Segundo o MP-SP (Ministério Público de São Paulo), a construtora UTC pagou R$ 2,6 milhões a uma gráfica para quitar dívidas da campanha de Haddad em 2012. A assessoria de Haddad afirma que a acusação não tem provas.

Também viraram réus pelos mesmos crimes João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, acusado de tratar do pagamento em nome de Haddad; e o ex-deputado estadual Francisco Carlos de Souza, o Chicão, dono da gráfica que teria recebido o dinheiro.

Ricardo Pessoa e Walmir Santana, da UTC, tornaram-se réus por corrupção ativa. O doleiro Alberto Youssef responde pelo crime de lavagem de dinheiro.

De acordo com o MP-SP, a denúncia tem como base as delações premiadas de Pessoa, Pinheiro e Youssef, entre outros colaboradores. A acusação afirma que Vaccari pediu R$ 3 milhões a Pessoa para quitar a dívida com a gráfica de Souza. O empresário teria aceitado pagar R$ 2,6 milhões, indicando Santana, seu diretor financeiro, para tratar da operação.

Os pagamentos teriam sido intermediados por Youssef, por meio de empresas de fachada e contratos fictícios, além de transferências bancárias a companhias indicadas por Souza.

Esta é a primeira vez em que Haddad responde a um processo criminal. Ele já era réu por improbidade administrativa em um processo sobre supostas irregularidades cometidas na construção de ciclovias durante sua gestão como prefeito (2013-2016).

Outro lado

Segundo a assessoria de Haddad, a acusação criminal "é mais uma tentativa de reciclar a já conhecida e descredibilizada delação de Ricardo Pessoa."

"Com o mesmo depoimento, sobre os mesmos fatos, de um delator cuja narrativa já foi afastada pelo STF [Supremo Tribunal Federal], o Ministério Público fez uma denúncia de caixa 2, uma denúncia de corrupção e uma de improbidade. Todas sem provas, fincadas apenas na desgastada palavra de Ricardo Pessoa, que teve seus interesses contrariados pelo então prefeito Fernando Haddad. Trata-se de abuso que será levado aos tribunais", afirmou a assessoria do ex-prefeito em nota.

O advogado Luiz Flávio Borges D'Urso, que faz a defesa de Vaccari, afirmou que seu cliente "jamais foi tesoureiro de campanha e nunca solicitou qualquer recurso para campanha de quem quer que seja".

Segundo D'Urso, Vaccari foi tesoureiro do PT, "e dessa forma solicitava doações legais somente para o partido, as quais eram realizadas por depósito em conta bancária do partido, com recibo e com prestação de contas às autoridades".

"Vaccari jamais solicitou ou recebeu qualquer recurso em espécie para o PT, muito menos a título de propina. Quem eventualmente o acusa é um Delator, que nada prova, falando mentiras para obter diminuição de pena", declarou o advogado.

A defesa de Alberto Youssef não quis comentar a decisão da Justiça. O UOL tentou entrar em contato com os advogados de Ricardo Pessoa e Walmir Santana, e aguarda resposta. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Francisco Carlos de Souza.