Futuro ministro de Minas e Energia defende uso da tecnologia nuclear
O almirante Bento Costa Lima Albuquerque Júnior, escolhido pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para o Ministério de Minas e Energia, defendeu o uso da tecnologia nuclear no desenvolvimento científico e como parte da matriz energética do país.
A declaração foi dada após o lançamento em Itaguaí (RJ) nesta sexta-feira (14) do submarino Riachuelo, a primeira embarcação produzida pelo programa Prosub, que visa construir quatro submarinos convencionais, movidos a diesel, e um submarino de propulsão nuclear.
O almirante hoje é o chefe do programa de submarinos, Prosub, e do Programa Nuclear da Marinha. Para defender a tecnologia nuclear, ele citou Álvaro Alberto da Mota e Silva, que foi um oficial da Marinha nomeado na década de 1940 para representar o Brasil na Comissão de Energia Atômica do Conselho de Segurança da então recém-criada Organização das Nações Unidas.
Bento disse que Álvaro Alberto (cujo nome será usado para batizar o submarino nuclear brasileiro previsto para ser lançado em 2029) foi o primeiro a perceber que "um país como o nosso não poderia abrir mão da tecnologia nuclear", disse ele.
"Até porque nós temos uma das maiores reservas de urânio do mundo, detemos a tecnologia nuclear e podemos utilizá-la em diversos segmentos em benefício da nossa sociedade", disse.
O urânio é usado como matéria-prima para a produção de combustível nuclear - que possibilita a produção de energia elétrica nas usinas nucleares.
Apesar de se mostrar um defensor da exploração da tecnologia nuclear, o almirante não quis entrar em detalhes sobre seus planos para o setor nuclear quando assumir o Ministério de Minas e Energia.
Atualmente o Brasil possui duas usinas nucleares em funcionamento, Angra 1 e 2. A usina de Angra 3 teve sua construção iniciada nos anos de 1980, mas atualmente suas obras estão paradas.
O interesse de concluir Angra 3 já foi sinalizado por militares da equipe de Bolsonaro. A obra pode custar cerca de R$ 17 bilhões. Mas nem o presidente eleito nem Bento falaram sobre o tema até agora.
O almirante também citou o desenvolvimento que vem ocorrendo no Brasil de um reator nuclear multipropósito, que começou a ser construído neste ano e pode ser usado para pesquisas científicas e para fabricar matéria-prima para a área de medicina nuclear - alimentando, por exemplo, tomógrafos e sensores que usam radiação para realizar exames médicos.
"O reator multipropósito brasileiro vai dar autossuficiência ao país em radioisótopos e em muitas outras aplicações como na agricultura, por exemplo. Assim como também na diversificação da nossa matriz energética, de um país continental como o nosso", disse.
O Programa Nuclear da Marinha deve possibilitar ainda o desenvolvimento de reatores nucleares modulares - semelhantes ao que será usado no submarino - que poderão gerar energia elétrica suficiente para cidades de até 20 mil habitantes.
O almirante ressaltou que o Programa Nuclear da Marinha já está gerando tecnologia para áreas não militares.
"As diversas aplicações duais já são demonstradas na prática, por exemplo: as indústrias nucleares do Brasil já produzem combustível nuclear para as usinas de Angra 1 e Angra 2 com a tecnologia que foi desenvolvida pela Marinha, que nos dominamos desde 1988", disse.
Previsibilidade
O futuro ministro de Minas e Energia também defendeu que o novo governo aperfeiçoe a governança e trabalhe para dar previsibilidade ao mercado em relação aos leilões de concessões de exploração de petróleo e gás.
"Vamos aperfeiçoar como deve ser cada nova administração, aperfeiçoar a governança, a gestão, dando previsibilidade ao mercado. Quem participa de um leilão, ele quer saber se vai ter um leilão hoje se vai ter outro amanhã e outro depois. É isso que a gente precisa, é dar previsibilidade", disse.
Ele disse que dialogará com associações e corporações do setor de energia para aumentar a previsibilidade e aumentar os investimentos no setor.
Venda de submarinos
Em discurso na cerimônia de lançamento do submarino Riachuelo, André Portalis, o presidente da Itaguaí Construções Navais (consórcio que reúne a Odebrecht e a francesa Naval Group), disse que o complexo industrial criado para construir submarinos para o Brasil também pode ser usado para produzir e vender essas embarcações para países aliados.
Estavam presentes na cerimônia delegações de países interessados na tecnologia, como Coreia do Sul e Polônia.
Questionado mais tarde sobre o assunto, Portalis não deu mais detalhes e disse que a pergunta era prematura. "Somente começarmos a pensar com a Marinha", disse.
Já o almirante Bento foi mais enfático ao tratar do assunto. "Hoje passados seis anos da primeira pedra, do primeiro tijolo ser colocado em Itaguaí, a gente visualiza que a vocação desse complexo naval de Itaguaí vai levar ele a muitos outros empreendimentos. Não só para atender às necessidades da defesa nacional, no caso da Marinha do Brasil, como também vai permitir ao país, como foi dito nos discursos, fornecer equipamentos, meio navais [embarcações militares], para países aliados, para países amigos", disse.
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