Diplomação tem Witzel grato a Flávio Bolsonaro e ausência de presos pela PF
O TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro) realizou nesta terça-feira (18) a diplomação do governador eleito, Wilson Witzel (PSC), além de senadores, deputados federais e estaduais vitoriosos no pleito realizado no último mês de outubro. A solenidade, realizada no TJ-RJ (Tribunal de Justiça do RJ), ficou marcada pela ausência de cinco parlamentares que foram presos pela Polícia Federal na Operação Furna da Onça e denunciados à Justiça, que revelou a existência de um caixa único de propina na Alerj (Assembleia Legislativa do RJ).
Outro que também está detido é Wanderson Gimenes Alexandre (Solidariedade), ex-prefeito de Silva Jardim (município do norte fluminense) e suspeito de corrupção e fraude em licitações. Completam a lista: André Corrêa (DEM), Chiquinho da Mangueira (PSC), Luiz Martins (PDT), Marcos Abrahão (Avante), Marcus Vinicius Neskau (PTB) e Wanderson Gimenes Alexandre (Solidariedade). Os parlamentares negam os crimes.
De acordo com a Justiça Eleitoral, os seis serão diplomados por meio de procurações ainda nesta quarta (19) --ou seja, eles precisam nomear representantes como advogados ou familiares, por exemplo, para que eles compareçam ao TRE-RJ. O grupo corresponde a 5% dos 120 políticos que constavam na lista de diplomação.
Segundo o calendário do Legislativo, os deputados eleitos serão empossados em 1º de fevereiro de 2019. Em relação aos parlamentares presos, no entanto, a situação é incerta. O ato, que dá início ao mandato, poderia ocorrer até 60 dias após o dia oficial da posse (ou seja, a indefinição pode se arrastar até abril). Como os investigados ainda não respondem a processo --eles foram denunciados ao TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) na última sexta-feira (14) e ainda vão exercer o direito de defesa.
No desfecho da cerimônia, Witzel --que é ex-juiz federal e entusiasta da Lava Jato-- fez um discurso inflamado em que reforçou bandeiras de campanha, como o enxugamento da máquina pública e o combate à corrupção.
Segundo ele, todos os seus secretários serão orientados a cortar despesas em 30%.
O socialista-cristão também agradeceu o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), que foi fundamental para o crescimento de Witzel na reta final do segundo turno.
Filho mais velho do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), Flávio foi o líder da corrida por uma das duas vagas no Senado com um desempenho expressivo: 4.380.418 votos, o equivalente a 31,36% dos votos válidos. A alta popularidade do pesselista acabou também por impulsionar a campanha de Witzel.
"Não posso deixar de fazer um agradecimento especial a um querido irmão que me estendeu as mãos e seguiu comigo. É uma pessoa que tem na sua família o DNA da esperança. Quero fazer agradecimento especial não só a você, Flávio Bolsonaro, mas a o que representa nosso presidente eleito", declarou.
Crítica à imprensa
Após a solenidade, Flávio criticou a imprensa e afirmou que os jornalistas estão "criando uma história aí no imaginário das pessoas" ao se defender no episódio envolvendo o seu ex-assessor, o policial militar Fabrício Queiroz, investigado pelo Ministério Público do Estado por movimentação considerada atípica de R$ 1,2 milhão em um período de 13 meses, segundo apontou relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
"Tudo funciona bem no meu gabinete. Vocês estão criando uma história aí no imaginário das pessoas que não é verdade. Sempre trabalhamos super direitinho, super bem", declarou ele após ser diplomado para o mandato de senador pelo Rio.
Visivelmente irritado com a cobrança por um posicionamento, Flávio voltou a dizer que "quem tem que falar é o ex-assessor", não ele. Fabrício Queiroz, que ainda não se manifestou publicamente sobre o caso, deve prestar depoimento nesta quarta-feira (19) no Ministério Público do Rio.
"Vou fazer muito pelo Rio de Janeiro, gerar muitos empregos aqui e trabalhar pela segurança pública de todo mundo. Esse é meu papel. É isso que eu tenho que falar com o público."
O senador eleito disse ainda acreditar que Queiroz está se "preservando", mas que, se dependesse de sua vontade, o policial já teria se posicionado publicamente sobre as movimentações atípicas identificadas em sua conta bancária.
"O que eu posso fazer? Queria que ele tivesse falado já, mas o que eu posso fazer?", esquivou-se. "Não cabe a mim dar explicação. Não posso falar pelos atos de terceiros. Repito: se errou, vai pagar. E ponto final. Não passo a mão na cabeça de ninguém."
"Aqui não é quartel", diz Flávio sobre filha de ex-assessor
Flávio também declarou que "nada impede uma pessoa de ter outra atividade", em referência a Nathalia de Melo Queiroz, filha de Fabrício Queiroz e que também foi lotada em seu gabinete.
Na semana passada, reportagem do UOL revelou que Nathalia acumulava o cargo na Alerj (Assembleia Legislativa do RJ), emprego CLT e faculdade entre os anos de 2011 e 2012.
"Aqui não é quartel. Nada impede uma pessoa de ter outra atividade. Sem problema nenhum. O quartel é que bate ponto, entra tal hora e sai tal hora."
Nathalia também é citada no relatório do Coaf, que analisou o período de janeiro de 2016 a janeiro de 2017. Na época, ela era funcionária de Flávio e transferiu para o pai R$ 84.110,04.
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