"Quero que ritual do cargo vá para a casa do c***", diz Frota sobre briga
Um conjunto de versões divergentes sobre violência deu o tom às justificativas sobre a confusão na solenidade de diplomação dos políticos eleitos por São Paulo, nesta terça-feira (18), na capital paulista.
A briga teve início no palco da Sala São Paulo quando integrantes da bancada ativista, coletivo de nove candidatos do PSOL, subiram ao palco para acompanhar a diplomação da titular do grupo, a deputada estadual eleita Monica Seixas.
O primeiro a ser abordado foi o integrante da bancada Jesus dos Santos, interceptado por seguranças e pelo deputado federal eleito pelo PSL Alexandre Frota.
Em entrevista coletiva após a solenidade, Frota afirmou que agiu corretamente. E ameaçou: "Eu fiz o certo. Da próxima vez que ele [Jesus dos Santos] pular no palco, eu vou insultar e continuar segurando ele fisicamente. Ele ainda deu sorte de eu não ter jogado ele na plateia", disse.
Frota ainda chamou Santos de "bandido". "Para mim, ele é um bandido. Eu não gostei [da forma como ele entrou no palco]. Isso aqui é uma festa dos que foram eleitos, não para bandido, militante de esquerda ficar usando da nossa festa para promover os movimentos deles."
Indagado se o comportamento de confronto físico e verbal adotado por ele condizia com um ritual como a solenidade de diplomação de eleitos, Frota respondeu: "Quero que o ritual do cargo de deputado vá para a casa do caralho", encerrou.
De acordo com Santos, Frota o teria chamado de "bandido" e o agredido quando tentou entrar no palco.
"Alexandre Frota falava que não era para eu estar lá, que eu era bandido e que eu deveria sair dali. E dando meio que joelhadas por trás de mim", afirmou.
Santos disse que avaliará se ele ou a bancada registrarão queixa por injúria racial da qual afirma ter sido vítima. "Hoje é o evento onde a branquitude mostra como é o racismo estrutural no Brasil. Diversos assessores brancos tiveram acesso ao palco. A banca ativista foi eleita coletivamente e o mandato é da bancada", completou.
A deputada estadual diplomada Monica Seixas, que representa a bancada, informou que havia sido feita uma negociação verbal com o cerimonial do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) sobre a presença de todos no palco.
"A gente estava no palco justificando para os policiais que [os membros da bancada] estavam comigo, mas Jesus foi sistematicamente agredido no palco", disse Monica.
Após a solenidade, o presidente do TRE-SP, Carlos Eduardo Padin, se queixou do comportamento de Santos e o classificou como "violento". Padin negou que tenha havido qualquer tipo de acordo prévio entre o PSOL e o tribunal a fim de que os integrantes da bancada subissem ao palco para a diplomação.
"Temos algum desconforto de usar qualquer tipo de forma coercitiva. As pessoas não respeitaram ordens prévias e não deviam ter forçado, como forçaram, uma situação desnecessária", avaliou. "Foi um comportamento violento que surpreendeu as pessoas do cerimonial", completou.
Indagado de quem, especificamente, teria partido a violência, o desembargador não titubeou: "De quem entrou no palco desobedecendo as ordens".
Sobre o comportamento de Frota, Padin afirmou que "os deputados também deveriam obedecer a ordem, deveriam ser os primeiros."
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