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Após entrevista, Onyx se nega a comentar fala de Queiroz: "Não me cabe"

Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, durante entrevista ao SBT - Reprodução/SBT
Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, durante entrevista ao SBT Imagem: Reprodução/SBT

Gustavo Maia e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília*

27/12/2018 18h35Atualizada em 27/12/2018 19h07

O futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), negou-se nesta quinta-feira (27) a comentar as declarações de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito pelo Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

Em entrevista ao SBT, na quarta (26), o ex-funcionário de Flávio falou pela primeira vez sobre a movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão mapeada pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). Queiroz se disse um "cara de negócios" e declarou que o volume de dinheiro vem da compra a venda de carros.

Questionado sobre o assunto, Onyx respondeu que "não lhe cabe falar sobre isso".

"Amigo, eu não vou falar sobre isso. (...) Eu estou aqui nesse momento tentando mostrar ao Brasil o fruto desses dois meses de trabalho que tivemos aqui e a preocupação que temos de fazer o Brasil dar certo", disse ele após participar de uma reunião em Brasília com futuros integrantes do primeiro escalão do governo Bolsonaro. O encontro ocorreu no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do gabinete de transição.

Queiroz fala pela 1ª vez sobre movimentação suspeita

SBT Online

O futuro ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, também não quis comentar a entrevista.

"Isso aí não é um assunto de governo, apesar de ter o sobrenome, a pessoa ser filha do presidente, sempre tem um reflexo, mas não é assunto de governo. É assunto de parlamentar", afirmou Santos Cruz, ao chegar na sede de transição do governo no CCBB. Ele disse ainda que não vai se "preocupar com aquilo que não é essencial no momento".

Essa foi a segunda reunião do dia com os ministros e secretários que ocupam o núcleo duro do governo Bolsonaro. Pela manhã, eles participaram de uma capacitação na área de governança pública, na Enap (Escola Nacional de Administração Pública), em Brasília.

Onyx afirmou à imprensa que a entrevista de Queiroz esteve alheia à pauta das reuniões. "Não conversamos sobre esse assunto nem de manhã e nem à tarde."

Queiroz declarou ao SBT, ontem, que atua com compra e revenda de carros, o que, em tese, justificaria o grande volume de transações financeiras identificadas pelo Coaf --o caso veio à tona em 6 de dezembro.

Além de ser policial militar no Rio, ele trabalhava como chefe da segurança do então deputado estadual Flávio Bolsonaro e era lotado em seu gabinete como assessor parlamentar no mesmo período em que alega ter sido um "cara de negócios".

"Eu sou um cara de negócios, eu faço dinheiro, compro, revendo, compro, revendo, compro carro, revendo carro, sempre fui assim, gosto muito de comprar carro de seguradora, na minha época lá atrás, compra um carrinho, mandava arrumar, revendia, tenho uma segurança."

A comunicação do Coaf não significa que haja alguma irregularidade na transação, mas mostra que os valores movimentados, ou o tipo de transação envolvida, não seguiram o padrão esperado para aquele tipo de cliente.

Segundo o advogado de Queiroz, Paulo Klein, o ex-assessor "recebeu aproximadamente R$ 600 mil ao longo do ano".

"Esse movimento de depósito e saque fez com que dobrasse esse valor", disse Klein ao SBT. "Se você tirar uma fotografia disso, realmente dá um valor muito alto. Mas quando você vai olhar o filme, você percebe que não faz sentido."

Ação prioritária para cada ministério

Jair Bolsonaro avaliará cerca de 50 ações prioritárias apresentadas pelos 22 futuros ministros de seu governo, segundo afirmou Lorenzoni nesta quinta. As medidas foram apresentadas pelos representantes de cada pasta na reunião desta tarde.

De acordo com o futuro chefe da Casa Civil, Bolsonaro deve escolher uma proposta de cada pasta para apresentar à sociedade brasileira nos primeiros dias à frente do Palácio do Planalto.

Com chegada prevista a Brasília para o próximo sábado (29), três dias antes da sua posse como presidente, ele receberá a série de atos sugeridos pelos ministros no fim de semana.

Ainda segundo Lorenzoni, as ações serão anunciadas logo depois da posse, e passarão por controles a cada 10, 30, 45, 60 e 90 dias. A Bolsonaro, caberá fazer a escolha e estabelecer o cronograma de apresentação das propostas.

"De tal forma que todos aqueles compromissos que o governo vai assumir serão entregues à sociedade brasileira nas mais variadas formas, desde mecanismos de simplificação, desburocratização, programas de governos e ações específicas que serão ao longo das próximas semanas anunciadas", explicou. (*Com informações do Estadão Conteúdo)