Onyx pede pacto entre governo e oposição: "Não recebemos papel em branco"
Em discurso de posse nesta quarta-feira (2), o novo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, fez um aceno à oposição. Com um tom mais ameno que o do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em seu discurso de posse ontem, Onyx pediu um pacto com a oposição, disse que o novo governo não recebeu "um papel em branco" e sugeriu que a nova equipe vai "surpreender pela capacidade de dialogar".
"Temos o desafio de consertar o Brasil, É importante pedir um pacto político entre governo e oposição pelo amor ao Brasil. Não é possível que a oposição não compreenda, assim como o governo", declarou o novo ministro-chefe da Casa Civil.
Para Onyx, "as disputas políticas e ideológicas podem e devem ser travadas. Não recebemos um papel em branco ao vencer a eleição."
A solenidade de transmissão de cargo dos quatro ministros que trabalharão no Planalto foi o primeiro compromisso oficial de Jair Bolsonaro como presidente. Além de Lorenzoni, assumiram cargos Gustavo Bebianno (secretário-geral da Presidência) e os generais Carlos Alberto (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).
A agenda do presidente prevista para esta quarta incluía ainda reuniões com autoridades estrangeiras e outra cerimônia de transmissão de cargo, a do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo.
O tom adotado por Onyx contrastou não só com a primeira manifestação pública de Bolsonaro após a posse --ocasião em que prometeu acabar "com o socialismo no Brasil" --, mas com as falas dos ministros que saíram e os que entraram nos cargos.
Houve críticas à ex-presidente Dilma Rousseff (PT), à suposta "mentalidade bolivariana" de países da América do Sul e elogios à gestão do agora ex-presidente Michel Temer (MDB).
"Diálogo será a marca desse governo. Nós vamos surpreender pela capacidade de dialogar. O parlamento precisa disso, o presidente sabe disso, e nós temos um grande desafio: consertar o Brasil", afirmou Ônix.
Elogios à transição e críticas ao PT
Tanto nos discursos de transmissão de cargo como nos de posse, ex-ministros e ministros elogiaram o processo de transição feito entre os governos de Temer e de Bolsonaro.
O ex-ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), que passou o posto para Onyx, ressaltou que Temer "pegou um país literalmente com a estrada esburacada e está entregando-a recuperada. Tivemos uma restauração plena e ampliou-se a capacidade da estrada. Estamos em condições de continuar", disse Padilha.
O agora ex-ministro-chefe agradeceu os trabalhos da transição --os quais "chegaram a confundir [a população sobre] quem era governo e estava saindo, e quem estava entrando--, desejou "a Onyx muito boa sorte, tanto ou maior que tivemos" e anunciou a saída da vida pública, após três décadas.
"Depois de 30 anos fazendo vida pública, agora disse que estou voltando. Eles [meus familiares] ainda não estão acreditando, mas é verdade: estou voltando e quero agradecer a compreensão da minha esposa", finalizou.
Ao receber o cargo de Sérgio Etchegoyen (ex-ministro-chefe do GSI), Heleno afirmou possuir "um trabalho duro pela frente", o qual classificou como "muito sério, penoso, mas [que] nos conduzirá a um novo destino".
"A missão no GSI é basicamente tratar da segurança e das viagens do presidente, cuidar do sistema de inteligência brasileiro, ser o cabeça desse sistema. Esse sistema foi recuperado por Etchegoyen, foi derretido pela [ex-presidente Dilma] Rousseff, que não acreditava em inteligência", criticou, arrancando risos na plateia - composta por aliados e familiares do presidente.
O general Carlos Alberto Santos Cruz, que recebeu a Secretaria de Governo do ex-ministro Carlos Marun, também fez críticas às administrações anteriores do PT, ao afirmar que quer transmitir "para a nossa população, traumatizada com escândalos ao longo de muitos anos, uma sensação de honestidade de governo, de transparência, confiabilidade, de credibilidade".
Ele afirmou ainda que a secretaria atenderá a "todos os segmentos sociais, independentemente de qualquer consideração que imponha o mínimo de restrição a qualquer grupo ou instituição".
O novo secretário-geral da Presidência, o advogado Gustavo Bebianno, destacou o "momento histórico" que, segundo ele, é representado pela vitória de Bolsonaro. Um dos principais coordenadores da campanha presidencial, Bebianno também fez questão de lembrar o "ataque covarde" sofrido pelo então candidato, em setembro, durante agenda em Juiz de Fora (MG). "Foi um atentado cometido não só contra a vida, mas contra a própria democracia brasileira", reforçou.
O novo secretário-geral definiu o próprio papel como o de "apoiar diretamente" o presidente e afirmou a necessidade de que o "amor à nossa pátria seja resgatado, amplificado e guardado longe das garras dessa mentalidade bolivariana que, de algum modo, insiste em ameaçar as nações na América do Sul".
Parte dos convidados aplaudiu Bebianno quando disse esperar que o liberalismo econômico seja plenamente implementado no Brasil a fim de tirar o país do que chamou de "desnecessário e injustificável estado de pobreza e atraso de nossa nação".
Bolsonaro ouviu de forma atenta as falas dos ministros e ex-ministros e agradeceu quando era aplaudido, mas não discursou. Na saída, ao subir a rampa interna do Planalto --que liga o salão nobre ao terceiro andar do prédio, onde se localiza o gabinete presidencial --, preferiu não dar entrevista à imprensa.
Segurança em evento foi menos rígida
Em menos de 12 horas após a posse de Bolsonaro, o salão nobre do Planalto já estava lotado de convidados novamente, entre civis e militares - nem todos fardados. A estrutura foi mantida para a cerimônia e não se diferenciou do modelo praticado nos eventos do governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).
Embora haja uma preocupação maior em relação à segurança desde o governo de transição, nesta quarta, o raio-x para a inspeção de bolsas e mochilas na garagem do Planalto, por onde passam funcionários e pessoas com crachás de livre acesso ao prédio, estava quebrado e os objetos que entravam não eram revistados.
Após a cerimônia, o ministro da Casa Civil deu entrevistas, tirou selfies e até posou para fotos ao lado da mulher, Denise Veberling.
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