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Dilma rebate general Heleno e critica GSI: "várias situações de ineficácia"

19.nov.2018 - A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) - Martin Acosta/Reuters
19.nov.2018 - A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) Imagem: Martin Acosta/Reuters

Do UOL, em São Paulo

06/01/2019 21h45

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) usou o seu site pessoal neste domingo (6) para rebater críticas do ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do governo Bolsonaro, o general da reserva Augusto Heleno, e dizer que viveu "várias situações de manifesta ineficácia" em relação ao órgão quando estava à frente do governo federal. 

Quando assumiu o cargo, no dia 2, Heleno afirmou que a ex-presidente Dilma, cassada após um processo de impeachment, em 2016, destruiu o sistema de inteligência no país

"Esse sistema foi recuperado pelo general Etchegoyen e foi derretido pela senhora Rousseff, que não acreditava em inteligência", declarou Heleno, na solenidade de transmissão de cargo, ao elogiar o general Sérgio Etchegoyen, responsável pelo GSI no governo de Michel Temer. 

Em resposta publicada em forma de texto na internet, Dilma afirma que durante seu mandato, o GSI falhou "ao não detectar e impedir o grampo feito ilegalmente no meu gabinete, em março de 2016 - sem autorização do Supremo Tribunal Federal -, quando foi captado e divulgado meu diálogo com Luiz Inácio Lula da Silva, às vésperas dele ser nomeado para a Casa Civil." 

Na verdade, o gabinete de Dilma não foi grampeado sem autorização do STF (Supremo Tribunal Federal). Quem estava com o telefone grampeado era o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com autorização do atual ministro da Justiça, Sergio Moro, então o juiz responsável pela Operação Lava Jato em Curitiba e pela investigação que acontecia contra o petista.

Moro, porém, fez a divulgação da conversa de maneira ilegal, pois o grampo deveria ter sido suspendido quando a conversa com uma presidente foi gravada. O episódio valeu ao ex-juiz uma denúncia no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e uma reprimenda de Teori Zavaski, ministro do STF que cuidava da Lava Jato na corte e morreu em um acidente de avião em 2017. 

"O caso mais grave, entretanto, ocorreu em 2013, por ocasião da espionagem feita em meu gabinete, no avião presidencial e na Petrobras pela NSA (National Security Agency), a agência de inteligência dos EUA", continua a ex-presidente em sua resposta ao ministro-chefe do GSI. "Os setores da inteligência brasileira não só desconheciam que a interferência vinha ocorrendo há tempo - só souberam após o caso Snowden - como sequer sabiam os meios necessários para bloqueá-la. Nem mesmo sabiam o que havia sido captado pela NSA nos referidos grampos."

"Uma "inteligência" ligada à Presidência da República que não tem conhecimento, capacidade e tecnologia para enfrentar a moderna espionagem cibernética não é crível", completa Dilma.

A ex-presidente ainda acusa o GSI de não estar preparado para prevenir o ataque ao autal presidente da República e então candidato do PSL, Jair Bolsonaro, que levou uma facada durante evento de campanha nas eleições que o levaram ao Palácio do Planalto em 2018.