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Ao SBT, Flávio Bolsonaro diz não saber o que Queiroz fazia fora do gabinete

Do UOL, em São Paulo

10/01/2019 20h38Atualizada em 10/01/2019 21h22

O deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), disse não saber o que seu ex-assessor Fabrício Queiroz fazia fora de seu gabinete. A declaração foi dada em entrevista exibida nesta quinta-feira (10) pelo telejornal SBT Brasil.

Um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividade Financeiras), órgão do governo federal, identificou "movimentações atípicas" de R$ 1,2 milhão em uma conta bancária de Queiroz. Em entrevista ao SBT em dezembro, o ex-assessor declarou que parte do dinheiro vinda da revenda de carros.

A entrevista de Flávio foi exibida no mesmo dia em que ele era esperado no MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) para depor sobre o caso, mas o parlamentar não compareceu.

"Eu não sei o que as pessoas do meu gabinete fazem da porta para fora, nem ele, nem de ninguém", declarou Flávio ao SBT.

Para o parlamentar, há um movimento para "atingir o nome Bolsonaro" e "tentar desestabilizar" o governo presidido pelo pai. Ele disse não saber de quem partiria tal conduta.

O senador eleito também defendeu que os rendimentos de Queiroz, somados aos depósitos feitos por parentes na conta do ex-assessor, totalizam um valor próximo ao identificado pelo Coaf. Ele não disse, porém, por que motivo os familiares faziam essas transferências para a conta do ex-assessor.

O relatório do Coaf não significa que haja alguma irregularidade nas transações detectadas, mas mostra que os valores movimentados, ou o tipo de operação envolvida, não seguiram o padrão esperado para aquele tipo de cliente.

Flávio Bolsonaro reclamou ainda na entrevista que "ninguém dá atenção" às movimentações detectadas pelo Coaf em contas de assessores de outros parlamentares da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). O MP-RJ instaurou 22 inquéritos criminais para esclarecer a suposta participação de parlamentares e servidores da Alerj em transações bancárias não compatíveis com seus salários.

Flávio Bolsonaro e o ex-assessor Fabrício Queiroz - Reprodução - Reprodução
Flávio Bolsonaro e o ex-assessor Fabrício Queiroz
Imagem: Reprodução

Senador eleito não falou ao MP

Mais cedo hoje, em nota divulgada via redes sociais, Flávio Bolsonaro justificou sua ausência no MP-RJ. Ele afirmou que, como não é investigado diretamente pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividade Financeiras), sua defesa solicitou os autos do processo para "tomar ciência dos fatos". Uma outra data para o depoimento será agendada, segundo Flávio.

Ao SBT, o senador eleito afirmou que vai ao MP "sepultar qualquer dúvida que eles tenham" em relação à sua pessoa.

O convite do MP para que o depoimento ocorresse hoje foi feito no dia 21 de dezembro. No entanto, Flávio informou que só foi notificado da data na segunda-feira (7). Por prerrogativa parlamentar, ele optou por comparecer em outra data -- até tomar posse no Senado, o filho do presidente é deputado estadual no Rio.

Depósito na conta da primeira-dama

Queiroz era motorista de Flávio Bolsonaro na Alerj. O documento do Coaf, anexado à investigação da Operação Furna da Onça, revelou que depósitos feitos em espécie na conta do ex-assessor coincidiam com datas de pagamento na Alerj. Nove assessores e ex-assessores do filho mais velho de Bolsonaro repassaram dinheiro para o motorista. 

O relatório também identificou um depósito de Queiroz no valor de R$ 24 mil na conta bancária da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Segundo o presidente, o depósito do ex-assessor do filho na conta de Michelle se tratou do pagamento de parte de uma dívida de R$ 40 mil com o próprio Bolsonaro. 

De acordo com o presidente, Queiroz utilizou a conta da primeira-dama para receber o dinheiro "por questão de mobilidade". Bolsonaro também alegou que tem pouco tempo para ir ao banco em razão da rotina de trabalho. 

Na terça (8), a defesa de Queiroz informou ao MP-RJ que integrantes da família que deveriam prestar depoimento não poderiam comparecer ao órgão. A mulher e duas filhas do ex-motorista de Bolsonaro haviam sido intimadas a depor sobre as movimentações atípicas identificadas pelo Coaf em uma das contas do ex-assessor parlamentar. O motivo da ausência, de acordo com o advogado Paulo Klein, foi uma cirurgia de retirada de um tumor a qual Queiroz foi submetido nos últimos dias.

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