Topo

Presidente do CNPq que criticou cortes na gestão Temer é exonerado

Presidente do CNPq, Mario Neto Borges, em evento em setembro de 2018 - Ricardo Fonseca/MCTIC
Presidente do CNPq, Mario Neto Borges, em evento em setembro de 2018 Imagem: Ricardo Fonseca/MCTIC

Mirthyani Bezerra*

Do UOL, em São Paulo

15/01/2019 11h14

O presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Mario Neto Borges, foi exonerado do cargo nesta terça-feira (15). Sua saída foi assinada em decreto conjunto pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) e pelo ministro Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) publicado no Diário Oficial da União.

Borges estava à frente do CNPq desde outubro de 2016, nomeado pela gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB). O governo ainda não divulgou quem ficará no lugar dele. 

Em carta aberta divulgada em agosto do ano passado, Borges criticou a decisão do governo de efetuar um duro corte no orçamento previsto para 2019. Inicialmente havia uma previsão de que o CNPq contaria com R$ 800 milhões, R$ 400 milhões a menos do orçamento previsto para 2018. 

O documento alertava que o corte previsto limitaria lançamento de editais e contratações de novos projetos. Em entrevista dada em Campo Grande (MS) também em agosto, afirmou que ao menos 70% das pesquisas em andamento seriam afetadas.

À época, o governo federal voltou atrás e acrescentou R$ 200 milhões ao valor previsto. Borges havia dito que ainda assim o valor era inferior ao de 2018 e que o governo precisaria dialogar com o Congresso Nacional para reforçar a "extrema necessidade dessa recomposição para que os investimentos no setor não estejam comprometidos".

Presidente da AEB empossado por Dilma deixa cargo

Outra mudança na área da ciência e tecnologia publicada pelo governo Bolsonaro é a saída de José Raimundo Braga Coelho da presidência da AEB (Agência Espacial Brasileira), que estava à frente do órgão desde 2012, no primeiro governo da petista Dilma Rousseff. Ele também teve a exoneração confirmada no DOU de hoje, assinada por Bolsonaro e Pontes. 

Em agosto do ano passado, Coelho celebrou junto com o embaixador da China, Li Jinzhang, os 30 anos de cooperação entre os dois países na área espacial. 

Na época, Li disse que o programa Cbers (sigla em inglês para Programa Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) reforçava a "parceria estratégica global entre China e Brasil". 

O programa desenvolve o sexto satélite sino-brasileiro de sensoriamento remoto, que tem previsão para ser lançado este ano na China. O satélite fornece imagens que ajudam a monitorar o meio ambiente, verificando áreas desmatadas, desastres e expansão da agricultura, com um custo de cerca de R$ 120 milhões para cada país.

Nomeações

Na edição desta terça do DOU, o novo governo ainda formalizou a nomeação do cientista político e economista Marcos Prado Troyjo para o cargo de secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia. No Meio Ambiente, Ana Maria Pellini assume a secretaria executiva da pasta, no lugar de Romeu Mendes do Carmo.

No Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos também houve novas nomeações:

  • Antonio Fernandes Toninho Costa, que foi ex-presidente da Funai do governo Temer, será o secretário nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa;
  • Alexandre Magno Fernandes Moreira assumirá como secretário adjunto da Secretaria Nacional de Cidadania;
  • Priscilla Roberta Gaspar de Oliveira será a nova secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

Outras pastas do novo governo publicaram nomeações e exonerações nesta terça-feira. Entre elas, Saúde, Turismo, Itamaraty e MEC. *(Com Estadão Conteúdo)